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As exportações brasileiras de soja deverão chegar a 80 milhões de
toneladas em 2018, 19,4% acima do volume recorde do ano passado, de
acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC).
Em agosto, a entidade estimava embarques de 74 milhões de toneladas. “E
há espaço para repetir o número recorde deste ano em 2019”, disse
Sérgio Mendes, diretor-geral da ANEC, em evento em São Paulo.
A demanda pela soja brasileira segue aquecida em decorrência da guerra
comercial entre China e Estados Unidos. E, com os sinais de que a
disputa ainda está longe de um fim, os exportadores da soja brasileira
têm se beneficiado. Enquanto a baixa demanda pelo grão americano faz
as cotações caírem na bolsa de Chicago, os prêmios pagos pela soja
brasileira se valorizam nos portos. Segundo a Safras & Mercado, o
prêmio sobre o bushel da soja em Paranaguá (PR) estava ontem em US$
1,25. Há um ano, estava em US$ 0,50.
Se a política comercial dos EUA tem beneficiado a soja brasileira, para
o milho as perspectivas não são tão animadoras. O estabelecimento de
fretes mínimos no país tem desestimulado as exportações do cereal
brasileiro. O aumento do frete encareceu o transporte até os portos,
principalmente entre Mato Grosso e Santos (SP) e Paranaguá (PR).
O quadro levou a ANEC a reduzir mais uma vez a estimativa de vendas ao
exterior. Agora a projeção é que a exportações de milho fiquem
entre 18 milhões e 19 milhões de toneladas neste ano. Foram 29
milhões em 2017. “As exportações podem cair para até 18 milhões. E
ainda tem muito milho estocado. Isso pode provocar um encavalamento com
as exportações de soja”, disse Mendes. A estimativas anterior da ANEC
era de embarques de 20 milhões de toneladas de milho.
No começo do ano, a associação chegou a prever que as vendas externas
do cereal alcançariam 32 milhões de toneladas, isso antes da quebra de
safra em Mato Grosso do Sul e Paraná.
O diretor-geral da ANEC avalia que o frete continuará sendo um problema
em 2019. “São US$ 5 bilhões de custos adicionais com o tabelamento.
Não vai ser possível suportar esse custo. Anualmente, as vendas de
grãos chegam a US$ 40 bilhões de contribuição para balança”, disse.
A guerra comercial entre China e EUA também preocupa. “Ficamos mais
dependentes do mercado asiático e perdemos mercado na Europa. Isso sem
saber aonde essa disputa vai levar”, afirmou. A logística seguirá
sendo uma grande preocupação para as exportadoras. “A BR 163 não pode
continuar padecendo do jeito que está. Estamos perdendo R$ 70,00 por
cada tonelada que enviamos ao Sul no lugar de mandar pelo Arco Norte”,
disse.
VALOR – 23/11/2018