Uma redução na área plantada, algo que não se via desde a safra 17/18, é prevista para esta temporada
O Brasil, que é reconhecido como o maior exportador global de milho, enfrenta desafios significativos na safra 23/24, com projeções de mudanças na produção e exportação do cereal. Com uma fatia que representa cerca de 25% do milho exportado mundialmente, o país vê-se diante de uma condição menos favorável, conforme relata a última análise da Celeres.
Uma redução na área plantada, algo que não se via desde a safra 17/18, é prevista para esta temporada. Estima-se que quase 0,7 milhão de hectares serão retirados da produção de milho, com cerca de 0,5 milhão de hectares destinados à safra de inverno, tradicionalmente voltada para a exportação.
Diante desse cenário, muitos produtores estão direcionando parte de suas culturas para opções mais rentáveis ou seguras, como o algodão e o sorgo, o que pode resultar em uma redução na produção do cereal, estimada em cerca de 1,5 milhão de toneladas na safra de verão e quase 9 milhões de toneladas na safra de inverno.
Prevê-se, então, uma redução nas exportações de milho brasileiro, com uma queda estimada em cerca de 6 milhões de toneladas, totalizando aproximadamente 50 milhões de toneladas no ciclo 23/24. No entanto, é importante ressaltar que, assim como no caso da soja, esses números ainda representam uma safra expressiva, com potencial para se tornar a segunda maior da história em termos de volume e valor exportado.
Além da redução na quantidade exportada, o mercado internacional também registra uma tendência de queda nos preços do cereal. No entanto, comparando contratos internacionais de milho de setembro de 2023 com futuros referentes a setembro de 2024, observa-se uma alta de 2%. O preço médio de exportação do milho em 2024 deve manter-se em torno de US$220-240/t, ligeiramente abaixo do praticado no ano anterior.
Apesar dos desafios, a expectativa é que o Brasil continue gerando divisas significativas com o milho, estimadas em US$11 bilhões, frente aos US$14 bilhões registrados na temporada passada.
Um fator relevante a ser destacado é o papel desempenhado pela China na manutenção dos altos valores de exportação de milho do Brasil. O país asiático importa atualmente oito vezes mais milho do que na safra 16/17, compensando a desaceleração na importação de soja e seus derivados. Em 2023, a China adquiriu 30% de todo milho exportado pelo Brasil, tornando-se o principal destino do cereal nacional, superando parceiros tradicionais como Japão e Irã.
Aline Merladete
AGROLINK – 14/02/2024