O Fórum Mais Milho no Painel do Agro 2023 foi destaque na programação da Agroleite 2023 e aconteceu nesta quinta-feira (10), em Castro (PR). O evento reuniu especialistas, produtores e autoridades para discutir temas centrais para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro. Os participantes compartilharam suas análises, perspectivas e desafios relacionados ao cultivo, produção, exportação e utilização do milho, um dos grãos mais importantes para a economia agrícola brasileira.
O diretor da Abramilho, Paulo Bertolini, trouxe à tona a preocupante disparidade entre o crescimento da produção de grãos e a capacidade de armazenagem no Brasil. Houve um crescimento de 1.000% na produção brasileira de grãos entre 1990 e 2023, mas isso não se estendeu aos armazéns. Ele ressaltou que a cada ano, enquanto a produção cresce cerca de 10 milhões de toneladas, a armazenagem tem um aumento de cerca de 5 milhões de toneladas.
“Primeiramente, é uma questão cultural. O agricultor sempre preferiu terceirizar esse investimento, porque ele preferia investir o seu capital na expansão da sua propriedade”, explicou Bertolini. O diretor da entidade destaca ainda que desde que o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) foi criado, é possível observar que apenas cerca de 15% da armazenagem no Brasil está dentro das fazendas. Diferentemente dos Estados Unidos, principal competidor do Brasil na produção mundial de grãos, que possui mais de 60% de sua armazenagem dentro das propriedades. “O nosso déficit é de 118 milhões de toneladas e isso acarreta em um caos logístico, pois os produtores colhem no mesmo período. Assim, cria-se um custo maior, mais filas em centros urbanos, industriais e nos portos, o que encarece o custo de produção”.
Bertolini disse ainda que o agricultor está entendendo que a armazenagem é uma etapa importante do seu negócio e que o maior desafio atual são os recursos para que ele faça este investimento.
O ex-deputado e ex-ministro da Agricultura, Neri Geller, disse que o PCA precisa ser de investimento para que os produtores consigam sanar os atuais desafios. “Nós precisamos, enquanto setor, nos mobilizar com mais força. Precisamos trazer recursos para equalizar programas como o PCA”, explicou. Ele ressaltou que a participação do governo é fundamental para oferecer suporte estratégico às atividades econômicas do agro e que a busca pela equalização das taxas de juros é um dos próximos desafios para o médio e pequeno produtor.
O deputado e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion, falou que a bancada ruralista sempre vai lutar por mais recursos para equalização de juros. “Nosso pedido era 25 bilhões para conseguirmos fazer frente a todos os desafios do agro, inclusive o de armazenagem. Nós temos uma linha boa de armazenagem, porém os bancos não têm dinheiro para emprestar, então a gente precisa, efetivamente, buscar recursos para isso.
O ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera, ressaltou que o Brasil tem lugares que possuem recursos, mas que a burocracia tem atrapalhado. Dessa forma, Cabrera sugeriu a criação de uma comissão para ressaltar que o problema do milho a céu aberto é uma questão de segurança nacional, e por isso é preciso desburocratizar a liberação dos créditos.