Chuvas intensas e variações extremas de temperatura trouxeram impactos significativos na safra atual
As recentes condições climáticas na Argentina estão causando um impacto significativo na produção agrícola, especialmente nos cultivos de milho e trigo, de acordo com o último boletim semanal do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA). Durante a última semana, chuvas intensas foram registradas na Patagônia e em Buenos Aires, com acumulados máximos de 69mm e 36,4mm, respectivamente. No entanto, o percentual de água útil no perfil do solo, que é crucial para a saúde das plantas, está abaixo de 10% em várias regiões, incluindo a região Pampeana, Cuyo, Patagônia e NOA.
As temperaturas estão causando ainda mais desafios. A maior parte do país experimentou temperaturas máximas médias mais quentes do que o esperado para esta época do ano, com exceção do extremo sul. Em algumas áreas de Cuyo, as temperaturas chegaram a ser quase 10°C mais quentes do que a média histórica.
Essas condições anormais de calor atingiram o norte da Argentina, onde foram registrados vários dias consecutivos com temperaturas acima de 28°C. As temperaturas mais extremas, que ultrapassaram 36°C, foram observadas no leste de Salta e oeste de Catamarca, um fenômeno extremamente raro para esta época do ano.
Por outro lado, a ocorrência de temperaturas mínimas extremamente baixas em grande parte do país também é motivo de preocupação. Em várias localidades da região Pampeana e Cuyo, os termômetros registraram mínimas de -2 a -4°C, propiciando a ocorrência de geadas agronômicas e meteorológicas em grande parte do território argentino. As temperaturas mais baixas foram registradas em Perito Moreno (-12,2°C) e Maquinchao (-13,5°C).
Os efeitos dessas condições climáticas já podem ser vistos na produção agrícola. No caso do milho, as variedades de plantio tardio tiveram pouco avanço na colheita em relação à semana anterior, com apenas 75% da área cultivada sendo colhida até agora.
Já o trigo, cuja semeadura está ocorrendo a bom ritmo, principalmente no sudoeste e oeste da região Pampeana, registra 91% da área pretendida já semeada. Nas demais regiões onde o cereal já foi semeado, o cultivo está se desenvolvendo adequadamente e em crescimento vegetativo.
Os produtores argentinos estão tendo que adaptar seus métodos de cultivo e seus cronogramas para lidar com essas condições climáticas atípicas, e mais mudanças podem ser necessárias se essas tendências persistirem. A comunidade científica e agrícola está monitorando de perto a situação e fornecerá atualizações contínuas sobre os possíveis impactos a longo prazo na produção agrícola do país.
Material elaborado pelo metereologista, Gabriel Rodrigues com revisão de Seane Lennon.*
Seane Lennon
AGROLINK -25/07/2023