Informação qualificada e científica sobre o uso da biotecnologia na produção de milho é prioridade na atuação internacional da Abramilho e da Maizall. Isso porque a falta de dados pode prejudicar a comercialização do grão, principalmente em mercados internacionais. E, foi com intuito de esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto e gerar conteúdo de qualidade, que representantes da Aliança Internacional do Milho (Maizall) — cuja Abramilho faz parte — da Asociación Maíz y Sorgo Argentino (Maizar), da U.S Grains Council e da National Corn Growers Association dos Estados Unidos, estiveram reunidos para detalhar os desafios e benefícios do uso da biotecnologia. O local escolhido para esse debate foi 1º Congresso da Abramilho, no qual o assunto foi tratado por meio do painel “Biotecnologia: o mundo pode se alimentar sem ela?”.
Para o presidente institucional da Abramilho, Otávio Canesin, levar o tema para ser debatido em um painel é uma forma de promover o desenvolvimento sustentável da indústria de milho, impulsionando a adoção de ferramentas biotecnológicas e disseminando informações baseadas em ciência. “Através desses esforços, visa-se garantir a segurança alimentar, impulsionar o comércio internacional e fortalecer a posição dos países da Maizall como líderes na produção e exportação de milho.
O presidente da Maizall, Federico Zerboni, contou que a criação da Maizall ocorreu em janeiro de 2013, quando líderes das associações de produtores de milho da Argentina, Brasil e Estados Unidos se reuniram para discutir a colaboração na superação de barreiras de acesso aos mercados globais relacionadas à adoção de novas tecnologias agrícolas, especialmente a biotecnologia. “Juntos, esses três países representam 50% da produção mundial de milho e 80% das exportações”.
“Biotecnologia: o mundo pode se alimentar sem ela?”
Já no debate os participantes enfatizaram a importância da biotecnologia aliada às boas práticas agrícolas para garantir a segurança alimentar em um cenário de crescimento populacional. Segundo eles, diante da previsão de uma população mundial de quase 10 bilhões de pessoas até 2050, somente por meio da biotecnologia e do manejo adequado das lavouras será possível aumentar a produtividade e suprir a demanda por alimentos.
Zerboni abordou ainda que a situação do comércio internacional do milho, ressaltando as incertezas decorrentes da possível retração econômica mundial e da guerra na Ucrânia. A guerra e o atraso na abertura do canal de exportação de grãos podem gerar escassez de milho, principalmente em países menos desenvolvidos, já que a Ucrânia é o quarto maior exportador mundial do produto, atrás apenas dos Estados Unidos, Brasil e Argentina.
Biotecnologia é fundamental para segurança alimentar, mas o tema ainda traz desafios para Maizall enfrentar
No debate, Sarah McKay, diretora da National Corn Growers Association, ressaltou a importância do trabalho da Maizall e como ele é essencial para garantir a sustentabilidade, segurança econômica e social. “Nós trabalhamos com os nossos parceiros ao redor do mundo, não só para alimentar o planeta, mas também para propor soluções para os diversos desafios ambientais. É uma relação ganha-ganha, boa para o produtor e para o consumidor”, explicou.
Apesar disso, McKay alertou para as dificuldades ainda enfrentadas quando o assunto é biotecnologia. A painelista falou sobre a situação do México que retirou a proibição da importação de milho transgênico para uso em ração animal e ficou proibido a compra de milho transgênico para consumo humano. Essa é uma decisão insustentável, uma vez que o México importa anualmente 17 milhões de toneladas de milho, principalmente dos Estados Unidos, e não há oferta suficiente de milho convencional no mundo.
O presidente da Maizar, Pedro Vigneau, salientou que essa proibição afeta não apenas os Estados Unidos, mas todos os países que utilizam biotecnologia na produção agrícola, comprometendo a segurança do uso de organismos geneticamente modificados (OGMs) sem embasamento científico. Além disso, os importadores mexicanos não pagam nenhuma compensação adicional por essa exigência, o que dificulta ainda mais o abastecimento interno e prejudica os consumidores do México.
Cary B. Sifferath, vice-presidente da U.S Grains Council, mencionou a preocupação generalizada entre os representantes das indústrias e produtores de ração animal durante uma missão da Maizall ao México. Há receio de que a decisão do governo mexicano resulte em um aumento nos custos e no desabastecimento, o que poderia desencadear uma retração econômica com impactos negativos em toda a cadeia de produção de proteína animal do país.
Para o mediador do painel, o presidente da Comissão de Cereais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Ariolli a desinformação é um agravante neste cenário. “Ideologias e informações duvidosas sobre o uso de biotecnologia acabam trazendo esse tipo de decisão que o governo do México tomou”. Dessa forma, debates como estes são fundamentais para desmistificar e esclarecer a realidade do agronegócio.