Na última semana, as perspectivas para o mercado e o preço do milho foram discutidos em live do projeto Mais Milho. O debate contou com a presença do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Otávio Canesin, com o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore e com o consultor da Safras e Mercado, Paulo Molinari, já a mediação ficou a cargo do diretor executivo da Abramilho, Glauber Silveira.
De acordo com Molinari, o ano de 2023 se apresenta diferente do ano anterior, que foi afetado pela guerra na Ucrânia, quebras de safras na Europa e na China e pelo baixo estoque americano. Ele ressaltou ainda que, apesar do fenômeno La Niña ter trazido uma quebra de safra histórica na Argentina em 2023, o evento contribuiu para uma safra recorde de soja no Brasil. Entretanto, muitos produtores optaram por não vender antecipadamente, o que resultou em um excesso de oferta no mercado interno. Segundo o especialista, a chance de uma reviravolta no mercado brasileiro que resulte em aumento de preço dependerá da situação climática e do desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos no segundo semestre.
Outro fator citado durante a live foi o problema de estocagem no país. Os participantes destacaram que a estrutura de armazenagem é uma proteção contra as baixas do mercado e que o papel das entidades é trabalhar o tema com os produtores.
Segundo Cadore, a situação é complexa. Embora 2023 seja um ano de produtividade abundante, a falta de armazenagem obriga o produtor a vender toda sua produção após a colheita. “É um gargalo que vem sendo estruturado de maneira errada no mercado brasileiro. Criou-se uma cultura que o produtor precisava ter tamanho para ter armazenamento. O produtor brasileiro não tem esse costume, ele não tem armazém. Isso vem mudando aos poucos, mas ainda há medo, receio e desconhecimento”, explicou.
Outro tema levantado foi a necessidade de os produtores usarem mais o mercado financeiro e para o presidente da Abramilho Otávio Canesin ainda existem dois grandes desafios que as entidades e associações vivem: estimular o produtor a investir em proteção e a educação sobre o mercado.
“O sucesso da fazenda não é só produzir, é poder comercializar o grão no valor adequado. Neste sentido, as ferramentas do mercado financeiro podem ajudar. Vários fatores fizeram o produtor perder a oportunidade de vender seu produto a um preço melhor, mas por ser um ano de troca de governo sempre há uma certa insegurança, o que explica parte da demora nas vendas”, ponderou o presidente da Abramilho, Otávio Canesin.
O diretor executivo da Abramilho, Glauber Silveira comentou também sobre o preço do milho em Mato Grosso, que está abaixo do preço mínimo. Quando isso ocorria no passado, buscava-se o governo por um prêmio de exportação, uma bonificação de R$ 8 a R$ 10 por saca para compensar o preço baixo. Cadore reforçou que a iniciativa seria muito positiva, no entanto, os cortes recentes no Plano Safra apontam para a falta de recursos para uma política como esta de ancorar uma produção nacional gigantesca, quase quatro vezes maior que no passado.
A live pode ser vista na íntegra no YouTube do Canal Rural, já os programas do Mais Millho irão acontecer todas as quintas-feiras do mês de maio, às 20h15, no Youtube do Canal Rural.