Para minimizar prejuízos nas lavouras, o produtor deve seguir algumas recomendações desde a entressafra até a pós-colheita
Apesar de ser uma praga comum nas lavouras brasileiras, a cigarrinha-do-milho tornou-se uma ameaça apenas nos últimos anos, causando prejuízo inestimável e constante preocupação aos produtores. Embora ainda não haja no mercado um inseticida capaz de eliminar a praga, existem formas de controlar o problema. Contudo, para maior efetividade, as medidas devem ser adotadas desde o início da cultura.
A presença da cigarrinha pode acarretar perdas de até 100% da produção, pois ela é responsável por transmitir a bactéria molicutes — causadora do enfezamento — resultando em desordens fisiológicas, nutricionais e bioquímicas nas plantas. A infecção com molicutes ocorre na plântula de milho em estágios iniciais do desenvolvimento.
“As causas que favorecem a cigarrinha-do-milho acontecem ainda no início da cultura, mas o produtor só sentirá o seu impacto no final.”
Segundo o vice-presidente da Abramilho, Enori Barbieri, os produtores foram surpreendidos com o impacto da praga. “Fomos em busca de institutos de pesquisa e descobrimos que não havia controle químico para combater a cigarrinha”, explicou. Barbieri destaca ainda que, devido à falta de um inseticida eficaz, é essencial que as seguintes práticas sejam adotadas nas lavouras:
A eliminação do milho voluntário ou tiguera é uma das medidas mais importantes para controlar a população de cigarrinhas. Durante o período da entressafra de milho, elas concentram-se nas plantas tigueras, reproduzem e transmitem o vírus para os insetos sadios.
Deve-se evitar lavouras de milho em diferentes estágios de desenvolvimento uma vez que as cigarrinhas irão migrar das lavouras mais antigas para as mais novas, completando o seu ciclo e aumentando a sua população.
Não há cultivares de milho resistentes ao complexo do enfezamento. Por isso, deve-se buscar variedades mais tolerantes aos efeitos do enfezamento.
O tratamento de sementes irá aumentar a proteção das plantas de milho em seu estágio inicial. No entanto, ele não elimina a necessidade de controle com inseticidas caso haja uma população elevada do inseto na lavoura.
Deve-se respeitar o calendário de semeadura de cada região para evitar a ponte verde. A ponte verde servirá para que os insetos continuem se reproduzindo e se espalhando, migrando de lavouras mais antigas para as mais novas.
O monitoramento é fundamental para estimar a população do inseto na lavoura. Ao contrário das lagartas, o produtor deve fazer o monitoramento da cigarrinha durante os períodos mais quentes, momento em que o inseto está mais ativo.
O produtor deve buscar a rotação de princípios ativos para controle da cigarrinha como os neonicotinóides, piretróides, metilcarbamatos e organofosforado. A utilização sistemática do mesmo princípio ativo reduz seu poder de controle e sua eficácia.
É importante regular bem as colheitadeiras e equipamentos durante a colheita do milho para evitar perdas de espigas e grãos na lavoura. Dessa forma, se reduz significativamente a presença de milho espontâneo e tiguera que servirão de refúgio para a cigarrinha durante a entressafra.
Evite a perda de grãos no transporte. Eles germinam nas estradas e dificultam o controle da cigarrinha, disseminando a praga ao longo das vias de escoamento.
Não se deve fazer o plantio sucessivo de gramíneas, em especial milho após milho. Ainda que a cigarrinha se reproduza apenas neste cereal, outras lavouras de gramíneas servem de refúgio para a praga até a próxima safra do grão.
Além das medidas citadas, Barbieri diz que é importante para o agricultor manter um acompanhamento dos institutos meteorológicos — pois a cigarrinha manifesta-se com mais frequência durante períodos mais quentes. “É preciso ainda que a indústria se esforce ao máximo para disponibilizar uma maior quantidade de sementes tolerantes à praga. As empresas precisam se aliar ao produtor rural para reduzir o impacto causado nas plantações de milho”.
Fonte: Abramilho
Notícias Agrícolas 30/01/2023