Reflexo no agronegócio, principalmente pelo petróleo e produção de fertilizantes
A Guerra da Ucrânia continuará gerando impactos econômicos globais em 2023, incluindo no comércio exterior do Brasil, e pode levar a aumento no preço de produtos básicos. A análise é de Fábio Pizzamiglio, diretor da assessoria em comércio internacional Efficienza.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o conflito deverá custar à economia global US$ 2,8 trilhões em produção perdida até o fim do próximo ano. As projeções de crescimento econômico também foram revisadas para baixo, passando de 4,5% em 2022 e 3,2% em 2023 para 3% neste ano e 2,2% no próximo.
“Além dos impactos imediatos, o conflito na Ucrânia também pode afetar o comércio internacional no futuro. O aumento das tensões entre a Rússia e os países ocidentais pode levar a medidas protecionistas e à queda do comércio internacional. Porém, é necessário aguardarmos os próximos capítulos e acompanharmos as mudanças que poderemos ter em um próximo ano”, afirmou o Pizzamiglio.
PREÇO DO PETRÓLEO
O executivo aponta ainda um destaque em relação ao preço do petróleo, que pode continuar a registrar altas: “Historicamente, conflitos internacionais têm afetado os preços dos produtos básicos, como o petróleo. O aumento dos preços destes produtos pode continuar a ter um impacto na inflação global, como já foi visto em conflitos anteriores. Não descartaria observarmos mais altas no futuro”.
“Enquanto o conflito continuar, nós teremos variações no valor dos produtos comercializados pelos países envolvidos, desde os combustíveis até produtos do agronegócio, principalmente motivados pela produção de fertilizantes”, aponta Pizzamiglio. Ele lembra que a Rússia anunciou que não negociará com parceiros com base no preço estipulado pela União Europeia.
“Pode parecer uma realidade distante, mas todo esse conflito poderá continuar a oferecer riscos à economia e ao comércio exterior no Brasil, não afetando apenas a nossa exportação, mas os valores dos produtos no mercado interno, que é dependente do petróleo e do diesel para o transporte. Isso gera impacto em nossa inflação”, conclui.
Leonardo Gottems
AGROLINK – 21/12/2022