De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, tendência é de valores menores no transporte rodoviário na maioria dos Estados
A queda nos preços dos combustíveis e a finalização da colheita do milho segunda safra resultaram na redução dos preços de fretes praticados na maioria das rotas de escoamento de grãos do país em agosto, na comparação com julho, segundo a edição do Boletim Logístico da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).
Em Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, a redução nas diversas regiões produtoras variou de 2% a 20% e, segundo a Conab, foi causada pelo encerramento do período de colheita do milho segunda safra. A forte demanda por caminhões alocados para a retirada de produtos em armazéns reduziu substancialmente, ocasionando queda expressiva nos preços, que deverão se manter nesses patamares neste mês de setembro.
No Estado, a maior queda foi registrada em cargas de Sorriso para o Alto Araguaia. O percurso de 33 km custava R$ 150 em julho e passou para R$ 120 em agosto. Já para o porto de Santos, a 2.171 km de Sorriso, o frete caiu de R$ 495 para R$ 450 em agosto (menos 9%).
Em Mato Grosso do Sul, o cenário de oportunidades para a comercialização do milho influenciou a manutenção dos patamares de preços praticados no mercado de fretes, em parte pela desvalorização do dólar que torna o produto brasileiro mais competitivo. A maior redução no preço do frete foi registrada com cargas de São Gabriel do Oeste para Maringá, distante 694 km. O frete caiu de R$ 203,50 para R$ 90,00 em um mês, uma redução de 56%.
Em Goiás, o escoamento de grãos por via rodoviária ficou abaixo do esperado por parte das transportadoras em razão da redução nos volumes para exportação. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram uma redução de agosto comparado com julho de quase 30% no volume de soja embarcado e de 55% no total de milho.
O índice de comercialização da soja no estado variou entre 75% e 85%. Mas grande parte da produção segue armazenada e os armazéns continuam operando próximos da sua capacidade estática máxima. A maior redução nos fretes em Goiás ocorreu de Rio Verde a São Simão, também em Goiás, que caiu de R$ 105,83 para R$ 73,50, em agosto, redução de 38%.
No Paraná, a comercialização de milho para exportação ficou praticamente paralisada, devido ao direcionamento dos grãos para o uso regional. A soja seguiu a tendência, registrando baixa comercialização entre julho e agosto, o que repercutiu na demanda por fretes fortemente reduzida no período. O município de Cascavel, por exemplo, não teve o registro de fretes no período analisado pela Conab.
Na Bahia, os fretes em agosto apresentaram tendência de queda ou estabilidade, sinalizando o efeito da redução do valor do combustível e da menor demanda por transporte dos produtos agrícolas. Em relação aos fretes no Piauí, as variações observadas se dão em decorrência das condições das estradas, especialmente nos períodos de chuva, e, também, das reduções nos preços dos combustíveis.
Recorde
O Boletim Logístico da Conab também destacou a comercialização de milho para o exterior. De janeiro a agosto, a exportação registrou o recorde de 17,9 milhões de toneladas, volume 79,3% maior do que as 9,98 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período no ano passado.
O intenso ritmo das exportações foi impulsionado pela alta dos preços internacionais e também pelas expectativas de queda na produção mundial do cereal. No entanto, esse movimento de alta foi limitado pela resistência de compradores, que priorizaram a utilização dos seus estoques, apostando na queda das cotações, com a expectativa de uma boa evolução no andamento da colheita nos EUA e na consequente possibilidade de redução dos embarques brasileiros, informa o Boletim.
No caso da soja, as exportações de janeiro a agosto atingiram 66,62 milhões de toneladas, contra 72,69 milhões de toneladas em igual período de 2021, representando queda de 8,3%, um reflexo da menor produção interna e da conjuntura internacional.
Redação Globo Rural – 27/09/2022