São Paulo, 21/09/2022 – O suprimento global de soja e milho deve apresentar situações distintas na safra 2022/23, segundo a especialista em Inteligência de Mercado da consultoria StoneX, Ana Luiza Lodi. Enquanto os estoques de soja prometem ser mais satisfatórios, os de milho seguirão apertados, disse a consultora em live promovida no fim da tarde de ontem (20) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com o tema “Perspectivas Climáticas e de Mercado para a 1ª Safra do Ciclo 2022/23”. “Mesmo com perspectivas diferentes para esses grãos (em relação ao abastecimento global), ainda serão situações ajustadas”, ressaltou.
Citando dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Lodi informou que, no caso da soja, “a estimativa aponta produção global acima do consumo em 2022/23”. “Mas esse resultado ainda depende do bom andamento da safra na América do Sul.” Já pelo lado da demanda, seguem as preocupações com o desempenho econômico da China e sua política de tolerância zero em relação à covid-19. “Além disso, há perspectiva de demanda aquecida por soja nos Estados Unidos nos próximos anos, em razão de uma política de Estado que estimula a produção de biodiesel.” Segundo Lodi, essa política sustentável pode incrementar em pelo menos 30% o consumo de soja nos EUA até 2028.
Segundo o relatório mensal do USDA de setembro, o estoque inicial de soja no mundo deve alcançar, em 2022/23, um total de 89,7 milhões de toneladas; a produção prevista é de 389,7 milhões de toneladas e o consumo, 377,68 milhões de toneladas. Assim, ao fim da temporada, o estoque de passagem será de 98,92 milhões de toneladas.
Em relação ao milho, Lodi reforça que a situação de estoques globais deve seguir “apertada”. Segundo o mesmo relatório de setembro do USDA, a projeção de produção em 2022/23 deve ser de 1,172 bilhão de toneladas de milho, para um estoque inicial de 312,14 milhões de toneladas. O consumo, por sua vez, está estimado pelo USDA em 1,180 bilhão de toneladas e o estoque, ao fim da temporada 2022/23, em 304,53 milhões de toneladas. “A estimativa indica produção abaixo do consumo nesta safra”, alerta Lodi, lembrando que a situação pode se apertar mais tendo em vista as dúvidas quanto à produção e à exportação de grãos por parte da Ucrânia. “E a safra brasileira de milho só será definida no segundo semestre do ano que vem, com a colheita de inverno”, acrescenta.
Já pelo lado da demanda, assim como na soja, há preocupações com o desempenho econômico da China e a política de tolerância zero quanto à covid-19. “Estamos começando uma safra na América do Sul e a demanda pode ter grandes mudanças tanto na soja quanto no milho”, completou.
Tânia Rabello – tania.rabello@estada.com
BroadcastAgro – 21/09/2022