Lagos estão em níveis recordes de baixa e possuem a tendência de encolher
A intensa onda de calor que está causando uma “megaseca” no Sudoeste dos Estados Unidos pode ser um dos “maiores desastres climáticos dos últimos anos”. A afirmação é de Karen Teixeira, meteorologista da agência Meteored, segundo a qual a estiagem prolongada é considerada “o período mais seco em 1200 anos”.
“Ondas de calor prolongadas estão tornando cidades dos Estados Unidos quase inabitáveis durante os verões. Seus maiores reservatórios – Lake Mead e Lake Powell – estão em níveis recordes de baixa e possuem a tendência de encolher. Agora, os incêndios florestais estão suscetíveis a ocorrer o ano todo, pois a vegetação está mais seca, contribuindo para formação de incêndios”, aponta.
Diante dos últimos acontecimentos, explica a meteorologista, as regiões áridas e semiáridas estão sofrendo com o efeito de desertificação: “E apesar de todas as inovações modernas para contornar um clima implacável, a seca pode mais uma vez ter a palavra final, a menos que medidas drásticas sejam tomadas rapidamente”.
“Embora a seca seja uma parte natural do clima do Sudoeste, ao analisar a relação entre os anéis de crescimento das árvores e a umidade do solo, os pesquisadores descobriram que o atual período de aridez, que começou em 2000, não tem precedentes desde 800 dC. O artigo de 2022, publicado na revista Nature Climate Change, atribuiu 42% das condições quentes e secas das últimas duas décadas ao aquecimento global”, afirma Karen Teixeira.
Um relatório recente do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) detalhou como os incêndios florestais alimentam um perigoso “ciclo de feedback positivo”. “Ao invés de atuar como um sumidouro de carbono, algumas florestas podem realmente se tornar geradores de gases de efeito estufa à medida que queimam, gerando mais aquecimento”, conclui.
Leonardo Gottems
AGROLINK -19/09/2022