Oito estados produtores do cereal na segunda safra registraram a presença da praga no ciclo 2021/22; além de causar lesões como inseto sugador, ela é responsável por danos indiretos que geram perdas mais expressivas na cultura
A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), considerada uma das principais pragas da cultura, têm gerado preocupação entre pesquisadores e produtores rurais. Especialistas afirmam que superá-la é o grande desafio para o Brasil avançar em termos de produtividade do cereal.
Ela deixou de ser uma praga exclusiva de regiões produtoras de sementes e hoje está presente em praticamente todas as áreas onde se cultiva o milho no país, tanto na primeira safra quanto na segunda safra.
De acordo com o último boletim de grãos da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), divulgado em agosto, sete estados produtores de milho segunda safra constataram a presença da cigarrinha.
Ataque severo
O levantamento aponta que Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Bahia sofreram severo ataque da praga, responsável pela transmissão do vírus de enfezamento, prejudicando ainda mais a produtividade. O Paraná também sofreu com a incidência, porém os danos foram menores. Também foi constatado ataque em Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia.
Já nas lavouras catarinenses, segundo informações da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), as populações de cigarrinha do milho continuam elevadas, especialmente nas regiões meio-oeste, oeste e extremo-oeste, com uma média de 41,26 cigarrinhas/armadilha/semana.
A infectividade das populações atingiu 86,72% das amostras analisadas, com presença de avarias múltiplos em vários municípios.
Busca por soluções contra a cigarrinha
A Associação dos Produtores de Milho (Abramilho) informa que o setor produtivo está preocupado com a situação, uma vez que a cada ano ela se alastra mais, dificultando a medição do prejuízo causado.
“A Abramilho vê com bastante preocupação isso. Temos cobrado o Ministério da Agricultura por soluções para minimizar os danos, buscando maior agilidade na liberação de produtos mais eficientes, além de uma melhor classificação das variedades do cereal quanto a sua tolerância à cigarrinha”, diz o diretor-executivo da entidade, Glauber Silveira.
A recomendação da Abramilho e de especialistas têm sido intensificar o acompanhamento das lavouras a serem semeadas e a implementação de estratégias de manejo regionalizado. Atenção especial deve ser dada ao monitoramento e controle, seja com produtos químicos ou biológicos a fim de reduzir ao máximo a população do vetor.
Outro ponto é quanto ao controle do milho tiguera, uma das pontes para a propagação da praga.
VIVIANE PETROLI, DE RONDONÓPOLIS (MT)
Canal Rural – 18/08/2022