O mercado esteve na expectativa do relatório do USDA
A cotação do milho, em Chicago, para o primeiro mês, fechou a quinta-feira (11) em US$ 6,29/bushel. Uma semana antes, o bushel ficou cotado em US$ 6,02. O mercado esteve na expectativa do relatório do USDA, divulgado neste dia 12/08, que trouxe os seguintes números para o ano de 2022/23:
1) A produção dos EUA foi reduzida em quase quatro milhões de toneladas, ficando projetada, agora, em 364,7 milhões de toneladas;
2) Os estoques finais estadunidenses passam a 35,3 milhões de toneladas, perdendo dois milhões sobre o indicado em julho;
3) A produção mundial do cereal perde 5,9 milhões de toneladas, atingindo a 1,180 bilhão de toneladas;
4) Os estoques finais mundiais passam a ser projetados em 306,7 milhões de toneladas, com um recuo de 6,2 milhões sobre julho;
5) O preço médio anual, ao produtor estadunidense, foi mantido em US$ 6,65/bushel;
6) A produção brasileira de milho seria de 126 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina alcançaria 55 milhões;
7) As importações chinesas de milho ficam projetadas em 18 milhões de toneladas.
Afora isso, pesou sobre o mercado a redução na qualidade das lavouras do cereal nos EUA, com as mesmas, em 07/08, registrando 58% entre boas a excelentes, contra 64% um ano antes. Outros 26% estavam regulares e 16% entre ruins a muito ruins. Naquela data, 90% das lavouras estavam em fase de embonecamento, sendo que 45% estavam em fase de enchimento de grãos.
Quanto ao comércio exterior, os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 05/08, atingiram a 555.620 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado. Com isso, o volume total já embarcado no atual ano comercial atinge a 52,5 milhões de toneladas, ou seja, 18% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior.
E, no Brasil, os preços melhoraram um pouco, com a média gaúcha, no balcão, fechando a semana em R$ 81,31/saco, enquanto nas demais praças nacionais os mesmos oscilaram entre R$ 65,00 e R$ 83,00/saco. Já na B3, o contrato setembro abriu o pregão da quinta-feira (11) em R$ 87,55/saco, novembro em R$ 89,97, janeiro em R$ 92,78 e março em R$ 93,83/saco.
Dito isso, novas projeções dão conta de que a área de milho, na próxima safra nacional de verão, deverá recuar para 4,5 milhões de hectares, após 4,61 milhões um ano antes. Em clima normal, tal área poderá resultar em uma produção de 25,8 milhões de toneladas ou 3% acima do colhido no ano anterior. Já para a safrinha de 2023, a área poderá alcançar 18,65 milhões de hectares, crescendo 4% sobre o corrente ano. Com isso, em clima normal, a produção da safrinha chegaria a 94,6 milhões de toneladas, contra as 92,4 milhões estimadas para 2022. Assim, no total das duas safras, o Brasil tem previsão de área, para 2022/23, de 23,16 milhões de hectares, ou seja, 2% acima do realizado neste último ano, sendo que a produção total de milho atingiria a 120,5 milhões de toneladas, ou seja, 3% acima da revisada safra atual, que poderá atingir a 117,4 milhões de toneladas.
Já em termos da atual colheita da safrinha, no Centro-Sul brasileiro a mesma atingiu a 74,4% no dia 05/08. Na mesma época do ano passado, apenas 59,9% estavam colhidos. Sendo que a média histórica é de 69,4% para o período. No Paraná, a colheita atingia a 54,4% da área, em São Paulo 60,2%, no Mato Grosso do Sul 66,8%, em Goiás 70,3%, no Mato Grosso 90,4% e em Minas Gerais 49,4%. Na região do Matopiba a colheita chegava a 67,7% da área cultivada de 1,15 milhão de hectares, sendo 60,2% na Bahia, 55,7% no Maranhão, 60,8% no Piauí e 89,2% no Tocantins.
Por outro lado, conforme informações da Abramilho e do Ministério da Agricultura, a China abriu mão, para este ano, de solicitar informações para o monitoramento das pragas junto ao milho brasileiro que será exportado para o país asiático. Assim, o governo chinês informou que o Brasil estava liberado, nesta safra já colhida, de cumprir as normas do protocolo, que terão de ser cumpridas a partir de 2023. Com isso, abrese um novo e importante mercado para o milho brasileiro. Especificamente no Mato Grosso, com a colheita quase concluída, o preço do milho safrinha, em julho, atingiu a média de R$ 61,48/saco, ou seja, 5,3% abaixo da média de junho. Por sua vez, 68,2% da safra estava comercializada até o início de agosto.
E no Paraná, conforme o Deral, 69% da área com milho safrinha havia sido colhida até o início da presente semana. Da área a ser colhida, 66% se apresentava em boas condições nesta data. Por sua vez, no Mato Grosso do Sul, a colheita da atual safrinha atingia a 41,3% da área até o dia 29/07, contra 48,5% na média histórica para a data. Do que faltava colher, 80,8% estava em boas condições. Vale, ainda, destacar que o preço médio do saco de milho, entre os dias 01 e 04 de agosto, subiu 18,3% naquele Estado, passando a R$ 68,00. Já na comparação anual, o preço recuou 27%, saindo de R$ 88,69/saco no início de agosto de 2021, para R$ 64,81 na média de agosto de 2022. Até o início do presente mês os produtores sul-matogrossenses haviam comercializado 31% de toda a safrinha estimada.
Enfim, pelo lado das exportações brasileiras de milho, nos cinco primeiros dias úteis de agosto, o país havia vendido um total de 1,69 milhão de toneladas. Esse volume representa 39% do total exportado em agosto de 2021. (cf. Secex) Para todo o mês de agosto, a Anec estima que o país possa alcançar um total de 7,9 milhões de toneladas exportadas, o que seria um recorde mensal. A instituição estima, agora, uma exportação brasileira total de milho, no corrente ano, entre 41 e 43 mihões de toneladas.
Já pelo lado das importações de milho, o país trouxe 69.403 toneladas nos cinco primeiros dias de agosto, tendo recebido 47% de todo o milho importado no mesmo mês de 2021. Enquanto isso, o preço da tonelada importada recuou para US$ 222,80.
As informações são da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário – CEEMA
Aline Merladete
AGROLINK -15/08/2022