Dirigente fez um apelo para que os adubos sejam reconhecidos como bens humanitários
Os produtores de fertilizantes russos foram obrigados a praticamente paralisar suas atividades, revelou Andrey Guryev, chefe da Associação Russa de Produtores de Fertilizantes (RAPU), durante uma entrevista coletiva em Moscou. Isso porque, além de não poder exportar seus adubos, os russos não conseguem comprar equipamentos e peças para manter a produção.
“Costumávamos importar fábricas inteiras, mas agora não conseguimos nem mesmo rolamentos e bombas. E tudo isso está acontecendo em todo o país”, disse Guryev. Em 2021, a RAPU previu investimentos de mais de 2 trilhões de rublos (US$ 35 bilhões) a serem alocados na expansão da produção de fertilizantes russos ao longo dos próximos anos.
De acordo com ele, as sanções ocidentais prejudicaram severamente a exportação de fertilizantes da Rússia e da Bielorrússia. Segundo ele, o setor foi pressionado a reduzir seus programas de investimento muitas vezes.
EXPORTAÇÕES
Antes da guerra na Ucrânia, os russos exportavam cerca de 3 milhões de toneladas de fertilizantes mensalmente. O dirigente fez um apelo para que os adubos sejam reconhecidos como bens humanitários para mitigar uma crise alimentar global.
Ele explica que, entre outras coisas, os exportadores russos enfrentam problemas para receber o pagamento por mercadorias já entregues, em resultado dos bloqueios ao setor bancário russo, que foi simplesmente desligado do sistema financeiro mundial.
“Os problemas que nós, produtores de fertilizantes na Rússia, enfrentamos são, na verdade, sanções setoriais. As quatro maiores empresas que operam na Rússia, mais a [produtora de fertilizantes da Bielorrússia] Belaruskali, não podem fornecer totalmente seus produtos aos países em desenvolvimento”, disse Guryev.
“As empresas não restauraram as exportações. As coisas diferem de empresa para empresa e de produto para produto”, disse Guryev, estimando que desde o início do ano as exportações russas de fertilizantes caíram 20% na comparação ano a ano.
“Se as empresas conseguirem lidar com a pressão das sanções e iniciarem os embarques normais, atingiremos um nível normal de exportação até o final do ano. Espero que tenhamos sucesso porque hoje muito esforço está sendo feito para bater esse objetivo”, conclui o dirigente, conforme artigo do portal especializado All About Feed.
Leonardo Gottems
AGROLINK – 28/06/2022