A redução para zero da alíquota de importação de milho até o final do ano não encontra justificativa em relação a problemas da oferta doméstica, já que a safra brasileira 2021/22 do grão deve ficar próxima a 120 milhões de toneladas, crescimento superior a 30% sobre o ciclo anterior. É o que destaca a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).
Segundo o presidente institucional da entidade, Cesario Ramalho, como medida de controle da inflação, a isenção tem natureza paliativa, sobretudo porque é temporária, sendo ainda um dos últimos recursos do governo para tentar conter a elevação dos preços, haja vista a falta de políticas públicas que promovam equilíbrio econômico.
“A alta das commodities agrícolas é um fenômeno global, ancorada em fundamentos do mercado [desarranjos logísticos provocados pela pandemia, demanda internacional em ascensão, impactos da guerra no Leste Europeu, importante região produtora de milho e trigo], variáveis fora da alçada do produtor brasileiro.”
De acordo com Ramalho, medidas como estas, adotadas de maneira abrupta, acentuam o cenário de imprevisibilidade para o setor produtivo, interferem em contratos, provocam insegurança, prejudicam decisões tomadas e adiam futuras. “O fato é que o ambiente de incertezas do país em nada colabora, pelo contrário, para diminuir a pressão inflacionária.”