Um novo reporte mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) será divulgado nesta sexta-feira, 8 de abril, e embora os novos números deverão disputar atenção com as informações que vêm do conflito entre Rússia e Ucrânia – que já dura mais de 40 dias e intesifica as incertezas sobre as ofertas de grãos – eles são esperados com a ansiedade tradicional do mercado e mexem com os ânimos dos traders antes de sua chegada.
“Enquanto os ataques russos continuam na Ucrânia e seguem gerando preocupações em torno do plantio de primavera (no hemisfério norte), uma nova rodada de números chega pelo USDA nesta sexta. As estimativas de produção na América do Sul e as exprtações ucranianas deverão ser, provavelmente, as informações que mais chamarão atenção, mas também são esperadas algumas mudanças nos dados de demanda de soja e milho nos Estados Unidos”, acredita o analista líder do portal DTN The Progressive Farmer, Todda Hultman.
Para Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities, este será um boletim bastante importante, porém, que não deverá trazer grandes volatilidades a um mercado já muito volátil. E explica também que os traders ainda estão terminando de digerir as primeiras projeções para a nova safra norte-americana.
“O ritmo de exportação norte-americana está bastante adiantado e podemos ter uma revisão para cima dos dados de demanda nos EUA nesta temporada 2021/22, que acaba em agosto, e que pode trazer um enxugamento nos estoques. Mais a frente podemos ver que, do ponto de vista de produção mundial, temos uma baita incerteza na safra 2022/23. Qualquer ameaça climática nos EUA reduz barbaridade os estoques americanos. E logo mais também vai cair a ficha no mercado de que o plantio da nova safra no Brasil também está comprometido”, explica Araújo.
ESTOQUES FINAIS EUA
Os estoques finais de milho norte-americanos 2021/22 são esperados entre 33,28 e 37,47 milhões de toneladas, com média de 35,56 milhões. Há um mês, os estoques da oleaginosa foram estimados em 36,58 milhões.
Já para os estoques de soja, os números variam entre 5,33 e 8,3 milhões de toneladas, com média de 6,91 milhões. No reporte de março, a projeção foi de 7,76 milhões de toneladas.
O mercado espera ainda, em média, estoques finais de trigo no país em 17,8 milhões de toneladas, em um intervalo de 17,01 a 18,67 milhões de toneladas. Há um mês, os estoques foram estimados em 17,77 milhões de toneladas.
ESTOQUES FINAIS GLOBAIS
As expectativas para os estoques finais de soja globais variam de 86,7 a 90,2 milhões de toneladas, fazendo com que a média fique em 88,4 milhões de toneladas, menor do que o número do boletim anterior de 90 milhões.
Para os estoques finais mundiais de milho, os números variam de 296,5 milhões a 304 milhões de toneladas, com expectativa média de 300,7 milhões. Confirmada, a média ficaria em linha com a projeção de março de 301 milhões de toneladas.
No caso do trigo, o mercado espera por um corte um pouco mais profundo, com média das expectativas em 281,5 milhões de toneladas, contra 290,3 milhões de toneladas estimadas há um mês. O intervalo esperado é de 284,1 a 287,5 milhões de toneladas.
SAFRAS DA AMÉRICA DO SUL
Soja – A produção brasileira deverá sofrer uma nova revisão e pode ser estimada em algo entre 122,1 e 127,5 milhões de toneladas, com média de 125 milhões. O boletim do mês passado estimou a produção do Brasil em 127 milhões. No caso da Argentina, os números variam de 40 a 44 milhões de toneladas, com média de 42,6 milhões. Em março, o número para a colheita argentina da oleaginosa ficou em 46,2 milhões de toneladas.
Milho – As expectativas para a safra de milho do Brasil variavam de 112 a 118,6 milhões de toneladas, com média de 115,2 milhões, e frente ao número do relatório anterior de 114 milhões. Para a Argentina, os números variam de 49 a 53,5 milhões de toneladas e a média é de 51,9 milhões. Em março, a produção do país vizinho foi estimada em 51,5 milhões de toneladas.
UCRÂNIA
Apesar da continuidade da guerra, o plantio da nova safra está em andamento. Todavia, os relatos são de que os trabalhos de campo se desenvolvem com certa dificuldade, uma vez que os reportes locais dão conta de que o óleo diesel está bastante escasso, além de, naturalmente, registrar patamares bastante elevados. Além disso, há diversas regiões de produção que são vulneráveis aos ataques, o que ger ainda mais medo e insegurança.
Assim, o “USDA, nesta sexta, entra neste ambiente de mercado altamente incomum para os preços dos grãos para oferecer suas últimas estimativas da oferta e demanda de milho”, afirma Hultman. Ao lado das preocupações com a nova safra, os prejuízos logísticos também são sentidos nos resultados da safra 2021/22.
Há expectativas também, portanto, de que o USDA revise para baixo suas projeções para as exportações ucranianas de grãos, em especial de milho e trigo.
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Notícias Agrícolas – 07/04/2022