Primeira vez que os Estados Unidos plantará mais oleaginosa do que cereal
Os agricultores norte-americanos pretendem plantar 90,95 milhões de acres (36,81 milhões de hectares) de soja na próxima safra, reportou o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta-feira (31/03) em seu relatório de plantio e estoques trimestrais. Os dados de intenções de plantio são um novo recorde, com 2,05 milhões de acres (829.605 hectares) acima da estimativa média do mercado, mas ainda dentro do intervalo das expectativas.
De acordo com a equipe de analistas da Consultoria TF Agroeconômica, essa é uma notícia “baixista” para as cotações da oleaginosa, o que afeta diretamente o Brasil. Além disso, a contagem trimestral do NASS (Serviço Nacional de Estatística Agrícola) mostrou 1.931 bbu (52,56 milhões de toneladas) de estoques de soja em Março, 34 mbu (925,31 milt) acima das estimativas médias do mercado.
MILHO
O mesmo relatório do USDA indicou queda na área a ser semeada para a nova safra, fazendo com que os preços ficassem firmes. Para novas áreas cultivadas, o USDA foi com 89,49 milhões de acres (36,21 Milhões de hectares) de milho 22/23. Isso foi bem abaixo dos 92 milhões (37,23 Mha) esperados pelo mercado e 3,9 milhões (1,57 Mha) abaixo do ano passado.
RELAÇÃO SOJA/MILHO PODE MUDAR
Mesmo com o USDA estimando uma área menor de milho (porque a pesquisa foi feita há algunas semanas) o mercado está começando a favorecer o milho, apontam os analistas da TF: “A relação soja-milho 22/23 estava em 2,24 no fechamento de ontem, mas o movimento do milho em relação à soja deixou a nova relação de safra em 2,08 esta noite. Isso favorece fortemente o aumento adicional do milho, se persistir”.
A AgResource Brasil afirma que, se confirmado área menor para o milho e uma área maior para soja, será a primeira vez que os Estados Unidos plantará mais soja do que milho. “Os preços já refletem os números que pressionam forte para baixo as cotações de soja e para cima as de milho, que leva consigo o trigo, o qual mesmo com área levemente maior, os estoques ficaram abaixo da expectativa do mercado, ajudando na subida de preços dos cereais”, concluem.
Leonardo Gottems
AGROLINK – 01/04/2022