O Senado promoveu, nesta segunda-feira (8), uma sessão especial para homenagear o ex-ministro da Agricultura, indicado ao Nobel da Paz, o presidente executivo da Abramilho, Alysson Paolinelli, conforme requerimento (RQS 1.542/2021) do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que presidiu a sessão solene.
Engenheiro agrônomo, Paolinelli foi um dos fundadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e responsável pela Revolução Verde no Brasil, que contribuiu para o aumento da produção agrícola brasileira. Também foi deputado federal e ministro da Agricultura na década de 1970. A segurança alimentar no Brasil e no mundo propiciada pela sua atuação também contribuiu para a paz no campo e, por isso, o ex-ministro foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz 2021.
Segundo a “Agência Senado”, o senador Chico Rodrigues classificou Paolinelli como um homem de dimensão além do seu tempo e “pai” da agricultura brasileira. Disse que todos os brasileiros estão felizes com a indicação do homenageado ao Prêmio Nobel da Paz. Segundo ele, o agrônomo foi decisivo para o combate a fome em todo mundo.
“Alimentação, emprego e o compromisso com a humanidade são na verdade marcas e um símbolo da vida profissional do homenageado. […] A apresentação do seu nome para o Nobel foi amparada por mais de 100 cartas de instituições de mais de 28 países. Sua projeção internacional já havia sido reconhecida em 2006, quando foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio World Food Prize, uma espécie de Nobel da alimentação”, ressaltou.
Para o parlamentar, Alysson Paolinelli teve papel fundamental no desenvolvimento da agricultura e pecuária no cerrado brasileiro, até então menosprezado, promovendo a ocupação econômica do bioma por meio da execução de grandes projetos, a exemplo do Programa de Desenvolvimento dos Cerrados, na década de 1970.
“A chamada terceira revolução agrícola, que tem na revolução verde a sua expressão mais visível, colocou a produção mundial de alimentos em outro patamar, tornando possível a superação da insegurança alimentar em vastas áreas do globo. A incorporação de pacotes tecnológicos sofisticados, baseados em robustos desenvolvimentos científicos resultou em profundas revoluções técnicas que afetaram radicalmente a maneira de se produzir nos campos, expandindo as fronteiras agrícolas”, destacou.
O senador Esperidião Amim (PP-SC) também participou de maneira remota da sessão e observou que não pode existir paz no mundo se há fome e miséria, e que a contribuição do homenageado é inegável para a segurança alimentar do Brasil e do mundo.
“Dentre as contribuições que nos fazem aplaudir Alysson Paolinelli, o recomendando para ser o nosso capitão da paz, está a sua contribuição para que o Brasil deixasse de ser importador de alimentos para ser o maior celeiro em matéria de oferecimento de alimentos ao mundo, portanto, um grande autor e ator da paz. Essa contribuição bastaria para que Alysson Paolinelli nos representasse como um excelente exemplo para o mundo”, disse em seu discurso.
Mesmo elogio recebeu Paolinelli do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), que também é engenheiro agrônomo e produtor rural, que o classificou como um dos pioneiros da revolução da agricultura brasileira.
“Essa grande revolução para o Brasil ser hoje um dos maiores produtores de alimento do mundo, e seguramente nós ainda seremos a maior nação agrícola do planeta, você começou, implementou esse processo todo”, lembrou o parlamentar ao homenageado.
:: Homenagem de mais convidados:
Guy de Capdeville, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, ressaltou a importância do trabalho de Paolinelli para o desenvolvimento do agronegócio no país.
“O pontapé dado pelo ministro Alysson Paolinelli, que acabou servindo de base, de pavimento para o desenvolvimento científico tecnológico, para o fortalecimento da Embrapa, e aqui cabe dizer, não é só a Embrapa, o sistema nacional de pesquisa agropecuária, com todos os institutos estaduais de pesquisa, com todas as agências de extensão rural, que naquela época se tornaram fortalecidas graças a criação da Embrater, iniciativas essas que acabaram criando todas as bases para termos o agro robusto, o agro agressivo, de porte, e que de fato, tem aquela capacidade empreendedora”, afirmou.
Nilson Leitão, chefe da assessoria de relações institucionais da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), parabenizou a iniciativa do Senado para homenagear os heróis vivos, como Paolinelli, e que ainda tem muito a contribuir com o desenvolvimento do Brasil.
Edvan Alves Chagas, chefe-geral da Embrapa Roraima, afirmou que Alysson Paolinelli é um visionário da agricultura tropical, e lembrou grandes feitos do homenageado, como o pioneirismo na pesquisa em bioenergia.
Sebastião Pedro, chefe-geral da Embrapa Cerrados, agradeceu ao homenageado por tudo o que ele tem feito pela agricultura brasileira, “sua visão de futuro, clarividência, capacidade de agregar pessoas e de liderar em rumos certos em prol do desenvolvimento econômico, social e ambiental”.
Emiliano Pereira Botelho, presidente do Grupo Campo, e Antônio Arantes Lício, economista e amigo do homenageado, elogiaram a liderança, o carisma, a amizade e a postura perante a vida de Alysson Paolinelli, com quem convivem e trabalham por mais de 40 anos.
Fabrício Morais Rosa, diretor-executivo da Aprosoja (Associação Brasileira de Produtores de Soja), afirmou que Paolinelli foi decisivo para o Brasil seguir crescendo, adotando tecnologias de ponta, desenvolvendo regiões antes desabitadas, como era o cerrado, e que hoje ajudam a alimentar não só o Brasil, mas mais de 1 milhão de pessoas ao redor do mundo.
:: Homenageado alerta para situação atual do país
Alysson Paolinelli participou presencialmente da sessão nas dependências do Prodasen, no Senado Federal. Ao receber as homenagens, agradeceu a participação dos parlamentares e convidados, e fez alertas às lideranças políticas do Brasil quanto a forma como o país tem lidado com a administração financeira e política, nas questões de meio ambiente, ciência e tecnologia e segurança alimentar.
Para o homenageado, o equilíbrio financeiro do país é fundamental, bem como a seriedade nos gastos públicos, que fazem parte da base de uma sociedade sólida.
“Temos de nos penitenciar pela falta de estratégia para um desenvolvimento equilibrado, econômica, social e ecologicamente. Muito temos a fazer. O Brasil precisa retomar os seus investimentos em instituições sérias de pesquisa. E nós hoje já nos notabilizamos no mundo com uma Embrapa, com algumas de nossas instituições estaduais de pesquisa, com as nossas universidades, que despontam como as melhores universidades de conhecimento de agricultura tropical no mundo, e especialmente com a iniciativa privada, que hoje, trabalhando mais com ela, a cada dia tenho a convicção de que ela poderá ir substituindo muitas das tarefas que o Governo tem demonstrado ser incapaz de realizá-las e de completá-las.”
Paolinelli ressaltou que a agricultura tropical desenvolvida no Brasil será indiscutivelmente a única fonte geradora de alimentação, de recursos e evolução para os países pobres e miseráveis, que não são capazes de produzir para si próprio, e que o Brasil será fundamental na luta para combater a fome e a miséria, e por fim as correntes imigratórias e guerras que se formam a partir delas.