O Paraquate é o herbicida que tem menor custo na decomposição dos restos das plantas, após a colheita
O Paraquate já virou uma novela no Brasil. Vamos aos capítulos: através da Resolução nº 177, de 22 de setembro de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), decidiu pelo banimento do ingrediente ativo Paraquate no Brasil no prazo de três anos, o que viria a se consolidar em 22 de setembro deste ano. A decisão se baseou em estudos que apontavam riscos à saúde humana com o uso do herbicida.
Com a medida ficariam proibidos importação, produção, armazenagem e uso em diversas culturas desde soja, pastagem, hortaliças e frutíferas e a aplicação via costal, manual, aérea e por trator de cabine aberta.
No dia 22 de setembro veio a determinação do cumprimento da medida, com o Ministério da Agricultura ratificando e as agências regulatórias estaduais se preparando para proceder a fiscalização e orientar as empresas fabricantes a recolherem o produto. A proibição foi confirmada mesmo depois de um forte lobby do setor agropecuário.
Conforme o Portal Agrolink noticiou na semana passada, veio a surpresa. Uma nova decisão da Anvisa definiu que o Paraquate ainda pode ter seus estoques remanescentes usados na safra 20/21. O prazo da autorização máximo vai até 31 de agosto de 2021, dependendo da cultura e calendário produtivo.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) quer reverter esse processo. Um estudo feito pela consultoria MB Agro e encomendado pelo Instituto Pensar Agro, aponta os prejuízos para a agricultura brasileira com o banimento do produto. A medida pode refletir em perdas de até R$ 27 bilhões no campo, uma vez que o defensivo é um dos mais usados no plantio direto, na dessecação da palhada.
A pesquisa estima que o custo da produção aumente em R$ 407 milhões; o Valor Bruto da Produção pode cair R$ 27 bilhões; pode gerar o desemprego de 2 milhões de trabalhadores do agro e, por fim, o encarecimento de até três vezes no preço da cesta básica.
O Paraquate é o herbicida que tem menor custo na decomposição dos restos das plantas, após a colheita, além de tornar possível o processo de plantio pelas máquinas. O produto é banido em países como a Suécia, desde 1983 e na Inglaterra e China. Mas ainda é usado em gigantes do agro como os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e a Nova Zelândia.
AGROLINK – 13/10/2020