O cenário para os preços dos grãos no mercado brasileiro ganhou mais força após o USDA informar estoques norte-americanos inferiores às expectativas do mercado, avaliou nesta quarta-feira o Gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA.
O USDA informou nesta quarta-feira que os estoques de soja dos EUA em 1º de setembro eram de 14.23 milhões de toneladas (523 milhões de bushels), contra a média das estimativas de 15.65 milhões (575 milhões de bushels). Os estoques de milho eram de 50.8 milhões de toneladas (2 bilhões de bushels), enquanto a expectativa do mercado era de 57.15 milhões de toneladas (2.25 bilhões de bushels) e os de trigo eram de 58.79 milhões de toneladas (2.16 bilhões de bushels), contra uma média esperada pelo mercado de 63.5 milhões de toneladas.
“Veio um número que acabou surpreendendo o mercado… isso acaba tendo como consequência uma perspectiva de estoques de passagem para 2020/21 menores nos EUA, reduziu o conforto do balanço norte-americano, isso acabou abrindo espaço para altas nas cotações”, disse Guilherme Bellotti, à Reuters.
Os contratos futuros de milho, soja e trigo negociados na bolsa de Chicago registraram forte alta nesta quarta-feira.
Para o Brasil, a situação nos EUA permite fortalecimento de preços porque as altas na bolsa de Chicago puxam para cima as paridades de exportação.
Isso, combinado com a taxa de câmbio, representa impulso adicional para as cotações do mercado brasileiro, comentou o consultor.
“Quem tem soja, tem ouro”, disse ele, em referência aos baixos estoques da oleaginosa, após um ano de forte demanda externa e interna, que reduziu expressivamente os estoques.
Os preços da soja no Brasil estão próximos aos maiores patamares da história, sendo cotados no porto de Paranaguá perto de R$ 150,00 a saca. Isso se reflete nos derivados, com o óleo no maior nível em quase 18 anos.
No caso do milho, a realidade é semelhante, mais há mais disponibilidade, comentou ele, lembrando da segunda safra recém-colhida.
“Pode abrir espaço para aumentar as exportações, o fato é que o mercado doméstico está comprando bastante, o resultado é preço bastante alto no Brasil”, disse Bellotti, ao ser questionado se as vendas externas do cereal poderiam surpreender, diante da situação relatada nos EUA.
Reuters – 01/10/2020