Pela região passam cerca de 34% da soja e 31% do milho que segue ao exterior
As rotas pelo Arco Norte ganharam importância nesta safra para o escoamento de grãos para o mercado internacional. Pela região passaram, de janeiro a agosto deste ano, cerca de 34% da soja vendida e 31% do milho. Os grãos saíram principalmente pelos portos de Barcarena/PA, Miritituba (Santarém)/PA, Itacoatiara/AM e Itaqui/MA. Os dados são do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado nesta terça-feira (29).
Os percentuais mostram desempenho semelhante aos registrados no Porto de Santos e mostram redução dos embarques nos portos do Centro-Sul do país, especificamente para grãos. A equipe da Conab destaca que a diminuição tem acontecido anualmente e, em 2019, atingiu os menores patamares dos últimos 10 anos.
O levantamento mostra que em 2010, os portos da região Norte responderam por 14,4% das exportações agregadas de soja e milho; já em 2019, a participação atingiu 31,9%, como indicam dados da Antaq. Esse aumento pode ser explicado pela melhoria da infraestrutura na região, em particular pelo final da pavimentação da BR 163, que diminuiu o tempo e o custo de fretes até o porto de Miritituba, no Pará.
“É muito importante para as exportações brasileiras a oferta de rotas alternativas que diminuem o tempo gasto nas operações e os custos. As rotas para os portos do Arco Norte são bem mais atraentes para o escoamento da produção dos estados centrais brasileiros”, reforça o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth.
Inovar no escoamento
O levantamento aponta que o Mato Grosso, maior estado produtor, e que representa 28,9% de toda a movimentação de cargas de produtos agrícolas, registra desaceleração na contratação de fretes. A sugestão é o investimento em novas formas para o escoamento, como a cabotagem, navegação entre portos de um mesmo país.
Está no Congresso um projeto encaminhado pelo governo federal o programa BR no Mar, que visa estimular a aplicação do modal de cabotagem no país. A medida busca competição intermodal e melhorar a eficácia no custo do transporte, tornando o agronegócio mais competitivo ainda no mercado internacional.
Segundo estudo divulgado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que busca mostrar a importância de sistemas multimodais para o transporte de cargas agrícolas em longas distâncias, a redução nos custos pode chegar a 58% dependendo da rota de escoamento e dos modais utilizados. “Existe espaço para a utilização da cabotagem em operações de ‘porta a porta’, complementando a movimentação com o rodoviário para menores distâncias. A combinação de modais é importante para a redução de custos de frete Mas, para isso, é necessário que alguns obstáculos sejam superados, como questões de tripulação nacional, sistema trabalhista e custo de combustíveis”, destaca Guth.
Entre os produtos agrícolas, café, arroz e trigo já são transportados no Brasil por cabotagem.
AGROLINK -30/09/2020