“A soja sofreu muito para ter seu estabelecimento concretizado para esta safra. A primavera com chuvas extremamente irregulares no Centro-Oeste, Sudeste e no MATOPIBA promoveu o atraso do plantio e trouxe a apreensão dos produtores, não apenas em relação ao desenvolvimento e garantia da alta produtividade das lavouras da soja, mas também à janela de cultivo do milho segunda safra”. A avaliação é de Tiago Capello Robles, meteorologista na Tempo.com.
De acordo com ele, nesta safra fatores climáticos “não muito comuns” foram os responsáveis pelo comportamento das chuvas no Brasil: “O primeiro deles, que foi o grande responsável pela irregularidade das chuvas na primavera, foi a fase positiva extremamente intensa do Dipolo do Índico gerando a inibição do da propagação da Oscilação de Madden-Julian que um dos principais fatores que reguladores das chuvas no Centro-Norte do país. Com seu enfraquecimento a partir de novembro, o Dipolo do Índico perdeu cada vez mais peso de influência e isso contribuiu para o estabelecimento da estação chuvosa em boa parte do país”.
O segundo fator, aponta Robles, foi a Oscilação Antártica, que já é o responsável pelo regime de chuvas no Centro-Sul e atua justamente na frequência de atuação de sistemas frontais e de baixas pressões. “Na primavera um fenômeno raro, o Abrupto Aquecimento Estratosférico, passou a se desenvolver sobre a região antártica, afetando diretamente no índice Oscilação Antártica, o condicionando à valores negativos, que representa um aumento da atuação de sistemas de chuvas sobre o Centro-Sul do Brasil”, explica.
“Essa condição foi responsável pelo aumento da precipitação no Rio Grande do Sul e, consequentemente, também pelo atraso do plantio. Esse fenômeno raro já não irá exercer influência sobre a Oscilação Antártica a partir das próximas semanas, o que proporciona uma maior oscilação entre valores positivos e negativos”, conclui.
Fonte: Agrolink – 24/01/2020