A Abramilho, representada pelo presidente Paulo Bertolini, participou de uma missão nos Estados Unidos entre os dias 24 e 28 de junho em colaboração com a Corteva e acompanhado pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, pela senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, pelo deputado federal e presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel, Alceu Moreira, pelo presidente da Aprosoja Brasil, Mauricio Buffon, e por Paulo Aguiar, da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA).
O objetivo foi discutir interesses comuns entre Brasil e EUA, como barreiras comerciais, mercados externos, questões ambientais e o modelo de seguro agrícola norte-americano.
Na segunda-feira (24), a delegação se reuniu com representantes da Associação Americana de Produtores de Soja (ASA), da National Corn Growers Association (NCGA) e do Crop Insurance and Reinsurance Bureau (CIRB). A troca de experiências foi uma oportunidade de adquirir conhecimento que pode beneficiar diretamente os produtores brasileiros.
“Foi uma chance para nós conhecermos novas tecnologias que podem ser aplicadas no Brasil, fortalecer relações internacionais e buscar soluções para barreiras comerciais. Também discutimos questões ambientais e a responsabilidade dos produtores na preservação das áreas, mesmo sem apoio financeiro do Estado”, explicou Bertolini.
Os desafios da armazenagem no Brasil
Durante a visita, o grupo se reuniu com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na terça-feira (25), para debater os desafios da armazenagem no Brasil. Entre 1990 e 2023, a produção brasileira de grãos cresceu 1.000%, mas a capacidade de armazenagem não acompanhou esse ritmo. A cada ano, a produção cresce cerca de 10 milhões de toneladas, enquanto a capacidade de armazenagem aumenta apenas 5 milhões de toneladas.
Diferentemente dos Estados Unidos, onde mais de 60% da armazenagem ocorre dentro das propriedades, no Brasil esse número é de apenas 15%. “É preciso que o produtor brasileiro invista em armazenagem como parte essencial da produção para não ficar refém dos preços internacionais de commodities”, alertou Bertolini.
A delegação debateu o tema com a liderança do Comitê de Agricultura da Câmara e do Senado dos EUA, além do economista-chefe do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), Seth Meyer. Meyer enfatizou a importância do investimento em armazenamento para o Brasil, especialmente para aproveitar melhor a produção de soja destinada ao biodiesel.
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, destacou que não apenas grandes produtores americanos, mas médios e pequenos também possuem armazenagem dentro das fazendas. “O Brasil tem uma grande produção de grãos, sendo um player mundial, mas nós não conseguimos controlar o mercado, pois produzimos e temos que escoar”. Bertolini chamou atenção para a falta de investimento para a armazenagem no Brasil, mas também para a falta de reconhecimento da prática entre os produtores do país como algo básico. “Durante nossa visita aos Estados Unidos, ficou muito clara a importância de levar mais debates e informação sobre este tema, além das tecnologias e outras práticas que também precisamos adotar para continuarmos como um dos grandes líderes do agronegócio mundial”, concluiu Bertolini.
Visitas à Corteva mostram inovações tecnológicas do setor
Na quarta-feira (26), a delegação visitou as operações de sementes da Corteva em Johnston, Iowa, conhecendo o laboratório de genotipagem, casas de vegetação automatizadas e o centro de pesquisa em tratamento de sementes. Eles conversaram com líderes da Corteva, como Tony Klemm e Shona Sabnis, sobre inovações tecnológicas e práticas avançadas que podem ser aplicadas no Brasil.
Em Indianápolis, na quinta-feira (27), a delegação conheceu a sede da Corteva, onde está localizada a unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Proteção de Cultivos e Biológicos. A visita incluiu discussões com líderes globais da empresa sobre futuras inovações e tecnologias. “As conversas com a liderança global nos permitiram alinhar estratégias e garantir que o Brasil esteja sempre atualizado com as inovações do setor, sempre buscando o melhor para o nosso agro”, afirmou o presidente da Abramilho.
Um dos destaques da viagem foi a visita à Chesapeake Farms, propriedade experimental de 3.300 acres da Corteva, dedicada à eventos, pesquisa, estudos e caça. No local, a delegação pode conhecer milhos com características nutricionais diferentes, alta estatura e resistentes à seca. “É empolgante vermos o que a Corteva está desenvolvendo com a ajuda da biotecnologia, tanto em sementes quanto em defensivos. A edição genômica e a transgenia são ferramentas fantásticas para que os agricultores possam produzir de forma segura e sustentável cada vez mais alimentos. Estamos entusiasmados com a possibilidade de termos acesso a essas tecnologias no Brasil o mais breve possível”, comentou Bertolini.