Nesta terça-feira (2), a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil), realizaram uma coletiva de imprensa para discutir os desafios enfrentados na safra 2023/24. O evento contou com a presença dos diretores executivos das entidades, Glauber Silveira e Fabrício Rosa, respectivamente, do presidente da Aprosoja, Antônio Galvan, além do pesquisador do CEPEA, Mauro Osaki e do superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Cleiton Gauer.
Durante a coletiva, Glauber Silveira enfatizou que o ano de 2024 se mostra especialmente desafiador. “Para o milho, é esperada uma produtividade razoável, o grande desafio está nos preços. O produtor de soja e milho é o mesmo produtor, então as dificuldades se misturam. O produtor está com mais problema na soja, mas além disso, ele vai colher uma safra de milho que também não tem o preço adequado diante do cenário atual”, explicou Glauber.
O pesquisador Mauro Osaki afirmou que a safra 23/24 deverá representar o maior prejuízo dos últimos 25 anos para os produtores. Ele reforçou que, mesmo com uma produtividade de milho considerada boa em algumas regiões, como Sorriso/MT, os preços praticados não serão suficientes para cobrir os custos totais da produção.
“No caso de Sorriso, por exemplo, mesmo com uma produtividade de 120 sacas por hectare e o preço atual de R$38, o saldo positivo estimado é de apenas R$3 por hectare. Isso não é o suficiente para cobrir os custos totais, especialmente os relacionados à soja”, destacou Osaki.
Em regiões como Rio Verde/GO, Cascavel/PR e Dourados/MS, as variações climáticas e os custos de produção têm sido fatores preocupantes para os produtores. Osaki explicou que os custos de produção caíram, e os produtores conseguiram comprar insumos para a safra 23/24 com preços menores do que os da safra anterior. No entanto, os preços de venda das commodities também caíram, reduzindo a rentabilidade final.
“Em 23/24 tivemos ainda dispersão de planejamento de plantio, algumas áreas fora do plantio ideal, então temos um conjunto de cenários de cada produtor. É uma safra bastante complexa, diferente da safra anterior, onde tudo se encaixou”, explicou o pesquisador.
O superintendente do IMEA, Cleiton Gauer, acrescentou que o mês de abril será crucial para a safra brasileira, principalmente para a segunda safra de milho. ” As projeções climáticas para abril vinham apontando para redução de volume de chuva. Contudo, quando olhamos as previsões dos próximos 15 dias há um volume interessante que pode acontecer e isso pode trazer algumas surpresas na produção, mas ainda é cedo para afirmar. Quando falamos de clima, a incerteza acaba sendo maior”, ressaltou Gauer.
A coletiva de imprensa evidenciou a complexidade da safra 23/24, marcada por desafios variações nos preços de commodities e incertezas climáticas. Os produtores enfrentam um cenário que demanda estratégias sólidas de gestão e adaptação para garantir a sustentabilidade econômica das lavouras.
A live pode ser conferida na íntegra pelo link www.youtube.com/abramilho