A Abertura Nacional do Milho Primeira Safra, realizada nesta quarta-feira (21) pela Abramilho e Canal Rural, em Ibirubá-RS, foi palco de debate sobre o panorama atual e as perspectivas futuras para o mercado do milho no Brasil. O evento reuniu líderes do setor agrícola, produtores rurais e representantes políticos.
Durante o painel “Perspectivas para o milho a curto e médio prazos”, mediado pelo diretor da Abramilho, Glauber Silveira, o consultor da Safras e Mercado, Paulo Molinari, destacou a singularidade do momento atual vivido pelos produtores. “Este é um ano diferente não apenas para o milho, mas para o agronegócio mundial. O quadro das commodities é de recomposição dos preços médios em relação ao que tínhamos antes da pandemia.”
Diante do cenário, o consultor citou ainda outros fatores que influenciaram o mercado do agro, como guerras, crise logística global e três anos seguidos do fenômeno climático La Niña. “Isso tudo impulsionou os preços em patamares históricos, mas agora está tudo quase voltando ao normal e é preciso entender isso”.
Molinari destacou também que, apesar de o Brasil depender muito das exportações e precisar manter a atenção na safra americana e no mercado de clima para futuras oportunidades, o país possui uma boa demanda interna. “Temos também uma boa configuração das usinas de etanol que estão se instalando no Brasil e tudo isso tem um bom escoamento para o milho”, explicou.
O produtor rural do estado do Rio Grande do Sul, Maurício de Bortoli, compartilhou os desafios enfrentados pelos agricultores gaúchos nos últimos anos. Bortoli reforçou que o cenário de 2024 mudou devido ao El Niño, mas que mesmo com uso de tecnologia e conhecimento agronômico, dessa vez o excesso de chuvas, a baixa luminosidade e o efeito das pragas impactou as lavouras. “Os números do RS vão ajudar a mudar o cenário dos anos anteriores, vamos colher uma boa safra, mas um número recorde não faz parte do nosso projeto neste ano”.
Apoio político, investimento e perspectivas para o futuro
Diante dos fatores climáticos vistos nos últimos anos, o diretor da Farsul, Domingos Velho Lopes, ressaltou a importância da atuação política em prol do fortalecimento da irrigação no Brasil para que os agricultores possam produzir adequadamente em momentos mais desafiadores. “É crucial que as entidades do setor (como a Abramilho) deem apoio argumentativo aos políticos para melhoria da legislação, focando em fortalecer a irrigação no Brasil.”
O diretor da Abramilho, Glauber Silveira, destacou a importância de seguir boas práticas de plantio e de pressionar os representantes políticos para melhorias no setor. “Precisamos continuar exigindo políticas que promovam a segurança jurídica e incentivem o investimento em tecnologias para o campo”.
Para o produtor e vice-presidente da Cotrisoja, Adriano Borghetti chamou a atenção para a necessidade de apoio dos governos estadual e federal aos produtores do Rio Grande do Sul. “Vivemos um movimento, principalmente em relação ao clima, que nos prejudicou fortemente e precisamos da ajuda do governo.” O produtor rural afirmou ainda que mesmo com a melhora na safra desse ano, muitos agricultores não conseguirão fechar as contas.
O diretor-presidente da indústria de insumos agrícolas, Vence Tudo, Marcos Lauxen, enfatizou a importância do investimento contínuo no cultivo do milho, destacando seu papel fundamental nas indústrias de energia limpa. “O produtor deve seguir investindo no grão, no solo, nas tecnologias e buscando segurança jurídica. Altos e baixos fazem parte do nosso negócio”, afirmou Lauxen.
A Abertura Nacional do Milho Primeira Safra foi transmitida pelo Canal Rural e pode ser acessada na íntegra em: https://www.youtube.com/watch?v=tPWVJRnq8t4