Até setembro, as exportações através do Arco Norte não foram afetadas pela seca na regiã
O Brasil está ganhando destaque nas exportações de produtos agrícolas, com ênfase no milho, onde pode superar os Estados Unidos este ano, apesar de sua produção ser quase três vezes menor. O crescimento da produção e exportação levou ao aumento do uso dos portos no Arco Norte, que tem ganhado espaço ao longo da última década, embora os portos do Sul continuem dominando o escoamento dos principais volumes de grãos do país.
As exportações de soja pelo Arco Norte aumentaram de 21% em 2012 para 38% em 2022. No caso do milho, houve um crescimento ainda mais significativo, subindo de 7% em 2012 para 45% no ano passado. Este ano, a utilização do Arco Norte para as exportações continua sendo alta, devido ao considerável volume de produtos agrícolas exportados até o momento.
Uma seca severa está afetando os principais rios da Bacia Amazônica, resultando em níveis historicamente baixos. Esse problema é agravado pela coincidência dos fenômenos El Niño e aquecimento do Atlântico Tropical Norte em 2023, intensificando a escassez de chuvas na região Norte durante a estação seca.
Até setembro, as exportações através do Arco Norte não foram afetadas pela seca na região. A movimentação de milho começou a ser feita por caminhões até os terminais fluviais, mas a um custo mais elevado. Em outubro, os dados de embarque já indicam uma mudança das cargas do Norte para o Sul, especialmente para o Porto de Santos, o que provavelmente resultará em um aumento no tempo de espera no porto.
Há preocupações com o aumento do custo do frete para o transporte de milho até o Porto de Santos e seu impacto negativo nos prêmios de exportação. Isso levanta a possibilidade de afetar o programa de exportação de milho do Brasil, que tem como expectativa o envio de 52 a 57 milhões de toneladas até janeiro de 2024, o final do ano comercial. Até setembro, já foram exportadas 28 milhões de toneladas, e em outubro, dados preliminares indicam cerca de 9 milhões de toneladas. Ainda faltam aproximadamente 20 milhões de toneladas a serem exportadas entre novembro e janeiro.
Leonardo Gottems
AGROLINK – 25/10/2023