A Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) participou do Encontro das Entidades de Soja e Milho da América do Sul, realizado nos dias 25 e 26 de setembro, na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. O evento, que reuniu representantes dos principais países produtores da América do Sul, teve como objetivo debater a visão desses países sobre as leis europeias antidesmatamento e estabelecer ações estratégicas para um posicionamento comum em relação a essas regulamentações.
A União Europeia (UE) implementou recentemente sua legislação Antidesmatamento, que afeta a entrada de produtos agropecuários no bloco com base em critérios ambientais. A Abramilho, junto com outras entidades do setor, participou das discussões para entender os impactos e buscar soluções, uma vez que o Brasil será diretamente impactado com as medidas.
O presidente da Abramilho, Otávio Canesin, enfatizou a importância de reconhecer que, embora o milho não esteja atualmente listado entre os produtos afetados pela legislação europeia, é essencial considerar todo o sistema de produção agrícola. Muitos produtores de milho também cultivam soja e, em muitos casos, estão envolvidos na criação de gado. Essa medida não apenas afeta os direitos dos produtores, mas também interfere na soberania dos países, pois não respeita as variadas legislações ambientais nacionais. A classificação de países com base em seu risco de desmatamento cria discriminação e estabelece barreiras para o comércio internacional.
O presidente enfatizou que, se necessário, a Abramilho está preparada para acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) na câmara de conciliação para buscar uma resolução justa.
Além disso, Canesin destacou a produtividade e a relevância do encontro. “Representantes de entidades da Argentina, Brasil e Paraguai estiveram presentes, com o objetivo de construir uma manifestação conjunta em oposição à legislação europeia. Os países do Mercosul têm, ao longo de anos, implementado legislações ambientais rigorosas e bem consolidadas, atendendo a todos os requisitos de sustentabilidade”, explicou. Como resultado do encontro, foi decidido elaborar uma carta documento manifestando e reforçando os pontos de vista dos produtores destes países e a importância da agricultura sustentável na região.
Entidades presentes no encontro incluíram a Associação da Cadeia da Soja Argentina, Associação dos Produtores de Soja, Oleaginosas e Cereais do Paraguai, Mesa Tecnológica de Oleaginosas do Uruguai, Associação Argentina de Milho e Sorgo, Câmara Argentina de Exportadores e Esmagadores e Comerciantes de Grãos e Oleaginosas, Associação Brasileira dos Produtores de Soja, Organização das Cooperativas Brasileiras, Associação Nacional de Exportadores de Cereais, Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.