As cotações do milho seguem influenciadas pelas tensões armadas entre Rússia e Ucrânia
As cotações do milho, em Chicago, se mantiveram praticamente estáveis, na esteira das tensões armadas entre Rússia e Ucrânia, após novos bombardeios russos sobre instalações portuárias ucranianas. Por sua vez, para o milho o clima nos EUA não chegou a ser o problema nesta última semana já que as lavouras, nas condições entre boas a excelentes, foram mantidas em 57% do total, contra 61% no ano passado. Cerca de 68% das lavouras estadunidenses do cereal, no dia 23/07, estavam na fase de embonecamento, contra 65% na média histórica.
Assim, o fechamento da quinta-feira (27), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 5,33/bushel, contra US$ 5,37 uma semana antes. Por sua vez, os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 20/07, somaram 309.981 toneldas, ficando dentro das expectativas do mercado e atingindo um total, no atual ano comercial, de 34,2 milhões de toneladas, ou seja, 33% a menos do que o registrado no mesmo período do ano anterior.
Já na Argentina, a colheita da atual safra de milho chegou a 66,1% da área total no final da semana passada. Até aquela data a produtividade média era de 82,8 sacos/hectare, o que levava a uma projeção final de safra em torno de 34 milhões de toneladas. Se confirmado este volume, o mesmo será 18 milhões de toneladas menor do que o colhido no ano anterior pelo vizinho país. As lavouras que restavam a colher se apresentavam com 12% em condições boas ou excelentes, 42% normais e 46% regulares ou ruins.
E aqui no Brasil os preços se mantiveram estáveis, ainda com viés de baixa na medida em que a safrinha vai sendo colhida. A média gaúcha ficou em R$ 53,38/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços do milho oscilaram entre R$ 35,00 e R$ 54,00/saco. Já na B3, o fechamento da quarta-feira (26), para referência, fechou com os primeiros contratos em baixa, com valores entre R$ 56,67 e R$ 68,00/saco.
A colheita da safrinha teria atingido a 50,9% nesta semana, contra 57,4% na média histórica.
Em termos de exportação, nas três primeiras semanas de julho o Brasil exportou 2,67 milhões de toneladas de milho, sendo este volume 64% do total exportado em todo o mês de julho de 2022. A média diária de embarques está 9,3% abaixo da realizada em julho do ano passado. (cf. Secex) O ritmo da exportação nacional já levanta dúvidas se o país conseguirá exportar as 50 milhões de toneladas esperadas, reforçando alguns alertas a respeito. Caso não o consiga, sobrará mais milho no mercado interno, com maiores pressões baixistas sobre os já reduzidos preços do cereal no mercado brasileiro. Nesse momento, muitos analistas esperam vendas externas totais, neste ano, entre 46 e 47 milhões de toneladas. Lembrando que logo mais entra no mercado a nova safra dos EUA.
Enfim, no Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o custo de produção do milho de alta tecnologia, para a safra 2023/24, recuou 2,18% em junho, em relação ao mês anterior, ficando em R$ 3.391,82 por hectare. “Essa retração foi pautada pela diminuição no custo com fertilizantes e corretivos, que reduziram 4,3% ante maio/23”. Diante desse ajuste no custeio, o Custo Operacional Efetivo (COE) apresentou uma retração de 1,88% e ficou em R$ 4.622,28 por hectare no comparativo mensal. Por consequência, para que o produtor modal consiga cobrir o COE é necessário que comercialize o cereal a, pelo menos, R$ 41,02/saco. Porém, “considerando o preço médio comercializado em junho/23, de R$ 31,50/saco, as cotações não cobrem mais o custo de produção para o ano 2023/24, o que acende um alerta junto aos produtores do Mato Grosso”. Aliás, uma realidade muito semelhante ao conjunto do país, especialmente no Rio Grande do Sul, onde o quadro é ainda pior devido as constantes quebras de safra devido ao clima.
Enquanto isso, a colheita da safrinha 2022/23, no Mato Grosso, atingia a 84% da área, estando ainda atrasada em relação ao ano anterior. A produtividade média do Estado está em 115,1 sacos/hectare, ou seja, 14,4% acima do registrado no ano anterior. E no Mato Grosso do Sul, conforme a Famasul, a colheita da segunda safra atingia apenas a 8,7% da área até o dia 21/07, contra 22,8% na média histórica para a data.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário – CEEMA
Seane Lennon
AGROLINK – 28/07/2023