Em Jaciara produtores chegaram a registrar 230 mm de chuva em uma semana, o que atrasou a colheita da soja e plantio do milho.
Excesso de chuva ameaça desempenho do milho em algumas regiões de MT
O milho germinado já se destaca em muitas áreas de Jaciara, região sudeste de Mato Grosso. Contudo, ainda há agricultor correndo contra o tempo para tentar garantir o plantio do grão dentro da janela ideal, que termina no fim de fevereiro.
Até o dia 17, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), foram semeados 50,28% dos 7,42 milhões de hectares previstos para a segunda safra de milho 2022/23. Na variação semanal o avanço foi de 16,19 pontos percentuais, porém não o suficiente para ultrapassar os 68,40% da área plantados até está época na safra 2021/22 e a média dos últimos cinco anos de 63,37%.
A estimativa é que sejam colhidas 46,41 milhões de toneladas.
Jorge Diego Giacomeli é um dos produtores mato-grossenses que corre contra o tempo para plantar o milho ainda dentro da janela ideal. Porém, com a colheita da soja em sua propriedade em Jaciara atrasada por causa do excesso de chuvas, conseguiu semear apenas 30% dos mil hectares que pretende destinar ao cereal nesta segunda safra.
“Para se ter uma ideia na última semana nós temos registrado um histórico de 230 milímetros. Isso aí é chuva para o mês inteiro ou às vezes para dois meses. Trava tudo. Maquinário não roda, não tem o que fazer. É parar e aguardar uma melhora no clima para poder trabalhar. Mesmo com garoa nós estamos aí, insistindo com as colheitadeiras no campo e com as plantadeiras também, para tentar realizar o planejamento e executar a colheita e o plantio do milho”, diz Giacomelli.
Desempenho ameaçado com atraso
Conforme Giacomeli, o desempenho da lavoura de milho está ameaçado. Além do atraso de quase 20 dias no início do cultivo, a adubação também foi prejudicada pelo excesso de chuvas em Jaciara.
“Nós adotamos a técnica de adubação à laço aqui. Sabemos que com esse excesso de chuva muito do potássio vai embora e como vamos usar ureia, pensando em diminuir os custos, optamos por usar ela. A ureia é um pouco ineficiente nessa questão climática também, muito dela vai ser perdido pelo excesso de chuva”, salienta Giacomeli.
Ainda segundo ele, os últimos três anos tem sido muito difícil para a região de Jaciara quanto ao clima, pois o risco de as chuvas cessarem em março e abril são grandes.
“A gente sabe que não tem um histórico de chover bem em abril muito menos em maio. Então, com certeza esse milho não vai ter chuva suficiente para ter o desenvolvimento que ele precisa então vai comprometer produtividade. E, não tem jeito foi feito um alto investimento em sementes, adubação em tratamento de fungicida e está tudo na fazenda já, agora tem que plantar e rezar para Deus dar uma mão para nós, para esse ano ter um clima mais favorável”.
Produtores investem em máquinas para acelerar trabalhos
A corrida contra o tempo tem, inclusive, levado produtores a fazerem investimentos em equipamentos, que muitas vezes não estavam no planejamento. A propriedade do produtor Rogério Berwanger, é um exemplo.
Para agilizar a retirada da soja no campo, Berwanger adquiriu uma colheitadeira de última hora. De acordo com ele, estratégia necessária para tentar garantir a produtividade da oleaginosa e não alongar mais o atraso do milho segunda safra.
“A gente estava muito preocupado com a chuvarada e ainda está porque ainda tem mais uma boa área para ser colhida. Mais de 40% para ser colhida. Conforme dá para colher vamos entrando com a máquina e colocando o secador trabalhar dia e noite. Esse ano a chuva está apurando, não estava nem dormindo direito, duas chuvas por dia”.
POR VIVIANE PETROLI E PEDRO SILVESTRE, DO CANAL RURAL MATO GROSSO
Canal Rural – 22/03/2023