“Há um fio de esperança a médio e longo prazos”, diz a TF Agroeconômica
Não estão sendo fechados novos negócios no mercado do milho brasileiro, alerta a equipe de analistas de mercado da Consultoria TF Agroeconômica. “Sobram grandes estoques no mercado interno, que deixam os compradores confortáveis”, apontam os especialistas, e isso tem feito o preço do cereal derrapar tanto no mercado físico como na Bolsa.
“Embora os embarques de milho estejam batendo recordes de volume de exportação nos últimos meses, este é um dado enganoso, porque os contratos de exportação que estão sendo embarcados agora foram fechados com, no mínimo, 60 dias de antecedência, entre outubro e novembro passado”, explicam.
Segundo eles, com a grande sobra de matéria-prima no mercado interno, os compradores das indústrias locais se sentem confortáveis e não precisam aumentar os preços para conseguir se abastecer com facilidade. Por isso, os preços já caíram 1,55% no mercado físico, segundo o Cepea e estão caindo 6,61% no mercado futuro da B3.
No entanto, ressaltam, “há um fio de esperança a médio e longo prazos”, pois o escritório do USDA disse na última semana que a China pode importar um volume significativo do Brasil em 2022/23, tendo em vista os preços atuais do milho norte-americano, a guerra na Ucrânia e o acordo fitossanitário entre Brasil e China.
“Com a chegada do primeiro navio com milho brasileiro no começo de janeiro de 2023, a China provavelmente recorrerá ao Brasil para um volume substancial de suas importações de milho. O milho sul-americano tem preços relativamente mais baixos em comparação com o milho dos EUA”, disse o USDA em relatório, acrescentando que o Brasil deverá ter uma capacidade de exportação entre 40 milhões e 50 milhões de toneladas no ano comercial 2022/23.
“Se e quando isto de fato acontecer, poderemos ter, finalmente, o necessário enxugamento dos estoques e o início de uma disputa mais acirrada entre as indústrias e os exportadores, pelo que restar disponível, com o consequente aumento dos preços internos. Mas, note-se a condição: ‘diante dos preços atuais’. Se subirem, talvez a demanda não seja do mesmo tamanho e todo o raciocínio deixa de valer. Por isso, nosso otimismo é moderado e nosso conselho ao produtor é aproveitar qualquer melhora na lucratividade para fechar seus lotes e aplicar o dinheiro ou na compra de insumos ou no banco, que renderá mais do que deixar no armazém”, conclui a TF.
Leonardo Gottems
AGROLINK – 30/01/2023