Responsável por perdas significativas de safras anteriores de alguns estados, a cigarrinha-do-milho é uma das pragas que mais ameaçam as lavouras brasileiras.| Foto: Arquivo/Coamo
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Responsável por perdas significativas de safras anteriores de alguns estados, a cigarrinha-do-milho é uma das pragas que mais ameaçam as lavouras brasileiras, prejudicando o desenvolvimento das espigas. Com a proximidade do plantio da segunda safra de milho, o produtor deve estar atento à ocorrência da praga, que é agente vetor das doenças denominadas Complexo dos Enfezamentos. Porém, há medidas de controle e monitoramento que auxiliam os produtores a evitar contaminações e os consequentes prejuízos.
O alerta é da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). A segunda safra do milho, que é a mais importante para o estado e começa a ser plantada na segunda quinzena de janeiro, promete exigir mais cuidado com o vetor. “Temos percebido que a população de cigarrinhas está mais alta e que a infectividade da praga está aumentando. Nosso propósito não é gerar pânico nos produtores, mas alertar para que fiquem atentos e tomem os cuidados de manejo, controle e escolha adequada dos materiais de cultivo”, antecipa o coordenador do Programa de Prevenção e Controle de Pragas em Cultivos Agrícolas e Florestais da Adapar, Marcílio Martins Araújo. O órgão desenvolve um programa de acompanhamento semanal da proliferação das cigarrinhas.
Cenário semelhante é observado em Santa Catarina, onde o monitoramento das populações e sua infectividade também tem sido realizado periodicamente, apontando para tendência de aumento nesta segunda safra. O último boletim de safra de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em dezembro último, mostra ainda redução na produção do Mato Grosso na primeira safra por conta dos ataques da cigarrinha. No entanto, a presença do inseto nesta primeira safra é destacada pelo boletim com incidência maior no Paraná, onde a área de plantio diminuiu 8% em relação à safra anterior por conta do aumento da pressão da praga. A produção da primeira safra do estado está estimada em 3,73 milhões de toneladas em 383,9 mil hectares.
O Paraná é o segundo maior produtor de milho do país, atrás apenas do Mato Grosso. As previsões do Departamento de Economia Rural da Seab dão conta de que esta segunda safra deve resultar, em condições ideais de clima, na produção de 15,42 milhões de toneladas em 2,64 milhões de hectares. O desafio, agora, é garantir que toda essa produção seja o menos possível prejudicada pela cigarrinha – que cada vez mais se torna ameaça aos produtores em território nacional, tendo atingido pelo menos sete estados produtores de milho segunda safra em 2022, segundo a Conab.
Perdas anteriores
No Paraná, a cigarrinha-do-milho começou a gerar preocupação poucos anos atrás, quando resultou em perdas significativas na safra 2018-2019. “Em alguns materiais sensíveis chegamos a ver perdas de 60%, 70%, até 80% nas lavouras”, recorda Marcílio. Os materiais sensíveis, no caso, são sementes mais suscetíveis ao desenvolvimento da praga.
Lígia Martoni
Gazeta do Povo – 04/01/2023