À medida que a temperatura aumentar, a situação ficará cada vez mais complicada
A falta de dólares nos cofres do Banco Central da República Argentina (BCRA) preocupa o setor agropecuário do país, que já aponta falta de produtos para o controle de doenças e pragas. De acordo com a Câmara de Sanidade Agropecuária e Fertilizantes (Casafe), há “escassez em algumas marcas, por exemplo, em fungicidas para o tratamento de trigo e cevada”.
“Também faltam alguns produtos registrados para culturas como o arroz”, completou a entidade onde estão agrupadas as empresas do setor agroquímico. Gustavo Capretto, presidente da Federação de Distribuidores de Insumos Agropecuários (Fedia), que reúne cerca de 300 operadoras em todo o país, explicou que o que mais falta nos laboratórios são produtos de última geração.
“Já existe uma preocupação de distribuidores e produtores que não conseguem encontrar os insumos que costumavam usar e só pegam os genéricos, porque a última geração não está lá. Portanto, se a situação não for revertida, eles vão acabar usando os que existem, ou seja, os genéricos”, alertou Capretto.
Entre os produtos que faltam, o gerente listou as carboxamidas, que pertencem ao grupo de fungicidas inibidores da respiração que controlam patógenos, como a ferrugem, por exemplo. Segundo a Associação Argentina de Produtores de Semeadura Direta (Aapresid), este grupo de agroquímicos cresceu muito nos últimos anos em função de sua persistência ou residualidade.
“A partir de 2003, foram lançadas comercialmente carboxamidas de nova geração, com maior espectro e potência, alcançando rapidamente uma alta participação de mercado em muitas culturas”, explica a entidade.
Outro produto específico que está em falta atualmente é um herbicida do grupo PPO, saflufenacil ativo para pousio e utilizado principalmente antes da semeadura da soja. Ele também destacou que faltam pós-emergentes de milho como graminicidas e herbicidas genéricos como atrazinas para milho e metolacloro (para milho e soja).
A Aapresid acrescentou que “o problema é que os produtos que não são necessários agora estão entrando e os que são realmente necessários no momento (como fertilizantes e glifosato) estão sendo deixados na Alfândega”. “O panorama é complexo, pois serão necessários fungicidas e, à medida que a temperatura aumentar, a situação ficará cada vez mais complicada”, concluiu a entidade argentina.
Leonardo Gottems
AGROLINK – 01/11/2022