Tradings podem aumentar o preço pago aos vendedores no interior do país
A suspensão pelo lado russo do acordo de escoamento de trigo e milho ucranianos pelo Mar Negro pode acelerar as exportações brasileiras de milho, especialmente em direção à Europa e à China. A projeção é do analista sênior da Consultoria TF Agroeconômica, Luiz Carlos Pacheco.
Segundo informações da agência Reuters, a Rússia alega que houve um ataque de drones dos ucranianos e britânicos à sua frota de navios da Criméia. O fato agrava a tensão na região e poderá levar à suspensão das exportações de milho da Ucrânia, que é o quarto maior vendedor mundial e grande fornecedor da Europa e da China.
“A Europa já havia declarado, durante a semana, que sua necessidade de importação de milho tinha aumentado de 20 para 22 milhões de toneladas (até o ano passado eram 16 MT) e a China já fez um acordo com o Brasil para o fornecimento de 10 MT. Com este novo evento, é provável que as Tradings comecem a se preparar mais aceleradamente para o fornecimento de milho a estas duas regiões e, com isto, aumentar o preço pago aos vendedores no interior do país. É provável, também, que os compradores internos (indústrias) tentem garantir a sua parte de matéria-prima e, também, entrem na disputa pelo grão, aumentando lentamente os preços”, analisa Pacheco.
EUROPA COM QUEBRA
A Comissão Europeia reduziu suas perspectivas de safra de milho em mais 600 mil toneladas para 54,9 milhões de toneladas, citando a histórica onda de calor do verão. “Isso é agora 25% menor ano/ano com as importações 1 MMT acima para 22 MMT. A França está 96% colhida a partir de 24/10, dados da FranceAgriMer. Isso é acima de 51% no ano passado. A colheita de grãos da Ucrânia atingiu 70% concluída, com 4,5 MMT de milho especificamente”, conclui o analista sênior da TF.
Leonardo Gottems
AGROLINK – 31/10/2022