E no Brasil, os preços do cereal se mantiveram estáveis, com a média gaúcha, no balcão, fechando a semana em R$ 84,02/saco, enquanto nas demais regiões do país, os preços oscilaram entre R$ 65,00 e R$ 85,00/saco
As cotações do milho subiram igualmente nesta semana, na esteira do relatório de oferta e demanda do USDA. O fechamento desta quinta-feira (15), já sob influência da mudança do mês de referência para a primeira cotação de Chicago, ficou em US$6,77/bushel, contra US$ 6,74 uma semana antes. Durante a semana o mercado chegou a superar os US$ 7,00/bushel.
O relatório do USDA, divulgado no dia 12/09, indicou os seguintes números para o milho na safra 2022/23:
1) A produção dos EUA, cuja colheita está iniciando, foi reduzida para 354,2 milhões de toneladas, com um recuo de quase 10 milhões de toneladas sobre agosto;
2) Os estoques finais estadunidenses ficariam em 31 milhões de toneladas, com uma redução de quase cinco milhões de toneladas;
3) A produção mundial de milho foi reduzida para 1,172 bilhão de toneladas, com recuo de cerca de sete milhões de toneladas sobre agosto;
4) Os estoques finais mundiais ficariam em 304,5 milhões de toneladas, perdendo dois milhões de toneladas sobre o mês anterior;
5) A produção brasileira está projetada em 126 milhões enquanto a da Argentina ficaria em 55 milhões de toneladas;
6) O preço médio anual, ao produtor estadunidense de milho, foi elevado para US$ 6,75/bushel.
Dito isso, a colheita de milho nos EUA, até o dia 11/09, alcançava 5% da área, contra 4% na média histórica. Ao mesmo tempo, as condições das lavouras restantes apontavam 53% entre boas a excelentes, 27% regulares e 20% entre ruins a muito ruins.
E no Brasil, os preços do cereal se mantiveram estáveis, com a média gaúcha, no balcão, fechando a semana em R$ 84,02/saco, enquanto nas demais regiões do país, os preços oscilaram entre R$ 65,00 e R$ 85,00/saco. Já na B3, na abertura do pregão da quinta-feira (15), o contrato setembro era cotado à R$ 83,90/saco; novembro à R$ 88,55; janeiro/23 à R$ 92,80; e março/23 à R$ 95,66/saco.
A colheita da safrinha brasileira está praticamente encerrada, faltando alguma coisa em Minas Gerais e no Matopiba. Agora é esperar a consolidação dos números referentes ao volume colhido, o qual gira entre 82 e 90 milhões de toneladas conforme a fonte.
Enquanto isso, o plantio da nova safra de verão 2022/23 atingia, até o dia 08/09, a 17% da área esperada no Centro-Sul brasileiro, contra 16% no mesmo período do ano passado (cf. AgRural). No Paraná, 32% da área estava semeada no início da presente semana, sendo que o Estado espera um total de 404.305 hectares com milho verão. Há grande preocupação com a infestação de cigarrinhas, mais uma vez, fator que deverá ser determinante para definir a área final a ser semeada naquele Estado (cf. Deral).
Já no Rio Grande do Sul, o plantio do milho de verão está mais avançado e espera-se uma área total de 831.786 hectares. Em caso de clima normal, a expectativa é de uma produtividade média de 7.337 quilos/hectare, o que resultaria em uma produção total final de 6,1 milhões de toneladas (cf. Emater), compensando largamente a frustrada safra passada.
Enquanto isso, no Mato Grosso do Sul, segundo a Famasul, a produção da safrinha de milho continua estimada em 9,34 milhões de toneladas, após um recuo de 12,6% na área semeada, com a produtividade média ficando em 78,1 sacos/hectare. O preço do cereal recuou, nesta primeira quinzena de setembro, para R$ 70,45/saco, enquanto o recuo, na comparação com o mesmo período do ano anterior, é de 12,7%. Até o final da segunda semana de setembro os produtores locais haviam comercializado 42% de toda a safrinha sul-matogrossense, ficando bem abaixo dos 68% negociados no mesmo período do ano passado.
Por outro lado, no Mato Grosso, 74% da safrinha já havia sido comercializada, enquanto o preço médio alcançou a R$ 63,78/saco neste mês, em elevação de 4,2% sobre a média do mês anterior. De uma safra total estimada em 43,8 milhões de toneladas do cereal, o Mato Grosso espera exportar 23,9 milhões de toneladas para outros países, número que representa um aumento de 44,5% sobre o realizado na safra passada.
Neste sentido, em termos totais do Brasil, nosso país exportou 2,22 milhões de toneladas de milho nos seis primeiros dias úteis de setembro. Isso representa 78% do total exportado em todo o mês de setembro de 2021. Significa dizer que a média diária exportada, atualmente, é 172,8% superior a do mesmo mês do ano passado (cf. Secex). Com isso, até o encerramento do atual ano comercial, que ocorre em 31/01/23, o Brasil espera exportar entre 41 e 42 milhões de toneladas de milho (cf. Céleres Consultoria). Enfim, o preço da tonelada exportada subiu 56,6% sobre o ano anterior, ficando hoje em US$ 293,50.
Em tal contexto, a Anec estima que as exportações totais de milho, em setembro, cheguem entre 6 e 7,9 milhões de toneladas. Se confirmado o volume maior, a exportação de milho teria uma alta de 210% sobre o realizado em setembro do ano passado.
Enfim, o Brasil importou 122.427 toneladas de milho nos primeiros seis dias úteis de setembro, já tendo recebido 30% do total importado em todo o mês de setembro do ano passado. O preço pago pela tonelada importada do cereal recuou 10,2%, em relação ao ano passado, ficando em US$ 218,20.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário – CEEMA
Aline Merladete
AGROLINK – 16/09/2022