Agricultores de Jaciara (MT) que venderam milho no primeiro semestre deste ano reclamam da falta de comprometimento de alguns compradores; a situação é tema do episódio 48 do Patrulheiro Agro
Lentidão para a retirada do milho nos armazéns e rompimento de contratos estão gerando prejuízos para agricultores mato-grossenses. Na avaliação dos produtores, a quebra é reflexo direto da desvalorização do cereal, que hoje está mais barato do que na época da venda.
Diversos casos são registrados no estado. Em Jaciara, o agricultor Giovanni Fritsch contou ao Patrulheiro Agro, neste episódio 48, ter começado a negociar a safra 2021/22 de milho antes mesmo de semear os três mil hectares destinados à cultura.
A negociação antecipada, segundo Fritsch, inclusive se dá para que, no momento em que a colheita começar, a produção seja escoada e assim haja espaço no armazém.
“Não carregam teu produto. Não te pagam e você fica com as mãos amarradas”, diz Fritsch.
Situação vivida pelo produtor Gabriel Berwanger, também em Jaciara, é considera ainda mais preocupante. Ele comercializou a saca de milho antecipadamente a R$ 83. Porém, na hora de embarcar as três mil toneladas, o mercado recuou em cerca de R$ 10.
Patrulheiro Agro
“Isso fez com que a empresa não quisesse mais honrar o compromisso de carregar o grão. Falaram que não iam embarcar mais, que ficaria por isso mesmo e a gente que buscasse nossos direitos”, comenta.
Contratos precisam ser revistos
Para Berwanger os contratos hoje não proporcionam nenhum tipo de garantia de preço e segurança jurídica aos produtores rurais que fazem a venda antecipadamente.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) afirma que é necessária cautela dos produtores na hora da comercialização antecipada da produção, uma vez que toda vez que há um declínio de preço acentuado ou abrupto ele se depara com tal situação.
O remédio para evitar dor de cabeça, de acordo com o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, é procurar negociar com empresas que tenham um histórico conceituado e, principalmente, “não apostar todas as fichas” numa única.
“Às vezes a ilusão de R$ 1, R$ 2 a mais faz o produtor sair de uma empresa que já tem anos de mercado para se aventurar em novos horizontes, principalmente com esse atrativo de achar que essa valorização no momento pode se concretizar”, afirma Cadore.
Viviane Petroli, de Rondonópolis (MT)
Canal Rural – 25/08/2022