Tecnologia e conectividade são fundamentais para que o agronegócio possa encontrar um caminho para produzir mais e, ao mesmo tempo, preservar. O modelo econômico atual exige práticas muito mais conscientes no trato com o ambiente. A economia de baixo carbono é uma oportunidade de negócios. Mas para que seja possível monetizar, o agricultor, o pequeno e o grande, precisam ter acesso a dados.
Essas foram algumas das conclusões do painel Agricultura e serviços ambientais, apresentado, nesta quinta-feira (19), no Congresso Mercado Global de Carbono – Descarbonização & Investimentos Verdes, evento conjunto do Banco do Brasil e da Petrobras, com o apoio institucional do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Banco Central do Brasil, que teve início hoje, no Jardim Botânico no Rio.
Participaram do painel, além do moderador, Carlos Motta, vice-presidente de Negócios de Varejo do Banco do Brasil; Alysson Paolinelli, presidente executivo da Abramilho, ex-ministro da Agricultura e indicado ao Nobel da Paz; Julio Cezar Busato, CEO da Busato Agropecuária; Ricardo Faria, proprietário da Insolo Agroindustrial, Ricardo Arioli, proprietário da Agropecuária Novocampo e Tânia Cosentino, Presidente da Microsoft Brasil.
O moderador Carlos Motta, do Banco do Brasil, abriu o painel falando sobre os compromissos da instituição. “O agronegócio sustentável está no nosso DNA. É nossa vocação.” Tratou do reconhecimento internacional que o Banco recebeu pelos compromissos assumidos em relação a um futuro sustentável e também pelo auxílio prestado aos clientes na transição para uma agricultura de baixo carbono. “Por meio da nossa capilaridade, que abrange quase 97% dos municípios brasileiros, temos a oportunidade de levar ao produtor, além do crédito sustentável, o conhecimento.”
Para Tania Cosentino, da Microsoft, a economia de baixo carbono representa uma oportunidade de negócios. “Precisamos transformar isso num ativo monetizado.” Um dos desafios, segundo ela, é permitir que qualquer agricultor tenha acesso a dados. “O dilema é que não conseguimos levar conectividade para todo este país”, afirmou.
A executiva disse ainda que a engenharia de dados é um elemento chave para a preservação ambiental, monitoramento e o rastreamento de produção. “Os dados vão facilitar todo o processo e ajudar na certificação.” Ela afirmou que a Microsoft trabalha em algumas provas de conceito para mostrar aos agricultores que é possível produzir e preservar.
“O sistema de cultivo desenvolvido pelo Brasil, com apoio da Embrapa, de universidades públicas e privadas, entre outros, tudo isso nos dá uma produtividade de nível mundial. Com esse sistema, estamos aprisionando CO₂ da atmosfera e colocando no solo”, afirmou Júlio Busato.
Isso, segundo ele, é colocar o Brasil como um país onde o sistema de agricultura deu certo. “O Brasil é o único que consegue fazer o uso intensivo do solo como a gente faz”, diz Ricardo Ariolli, da Agropecuária Novocampo. Ele destaca a fixação de hidrogênio no solo e outras iniciativas na direção de uma economia verde. “A soja de baixo carbono está em estudo, já temos a carne carbono neutro.”
“O Brasil hoje é a solução. É provável que daqui a 30 anos sejamos 10 bilhões de habitantes. Isso significa que a produção vai crescer absurdamente. A catástrofe alimentar é uma realidade. Somos capazes de atender essa demanda”, afirmou Alysson Paolinelli. Segundo ele, nenhum outro país tem essa capacidade.
Ricardo Faria, da Insolo, falou sobre como a tecnologia faz a diferença na produtividade. Segundo ele, ao digitalizar seu próprio negócio, foi possível obter um ganho de produtividade de 50% e adicionar precisão ao processo. “Nosso tripé é inclusão, digitalização e uso de microorganismo existentes no Brasil na produção. Temos hoje 25 mil hectares com 100% de controle biológico.”
O congresso tem por objetivo conectar estratégias corporativas, projetos e cases, além de orientar políticas públicas capazes de impulsionar a economia verde no Brasil. Em um mesmo fórum, reúne os principais agentes capazes de incentivar essa mudança. São 24 painéis apresentados em 4 salas temáticas, em três dias de evento, com mais de 100 palestrantes.