Produtores do município de Diamantino estão em situação de alerta com falta das chuvas, principalmente aqueles que venderam parte da produção com antecedência
Uma das maiores secas já registradas. Assim os agricultores de Diamantino, em Mato Grosso, definem a estiagem prolongada que castiga as lavouras de milho no município, que deve ver a produção cair pela metade este ano.
Na fazenda do agricultor Lucas Konageski, a última chuva significativa sobre os 9.500 hectares de milho cultivados foi no final de março. De lá para cá, a seca tomou conta da plantação, prejudicando o desenvolvimento dos grãos em muitos talhões. Principalmente os semeados fora da janela considerada ideal.
“A gente vinha acostumado com os últimos dez anos, quando, no mês de abril, até mesmo no mês de maio sempre dava umas chuvas salvando essas lavouras de milho plantadas um pouco mais tarde. Mas, neste ano, a chuva cortou mesmo. Uns 70% da área escapou, porém uns 30% ficaram para mais tarde mesmo e vão ter muita perda. Nas áreas arenosas, onde a perda chega a 80%, nem sei se vai valer a pena passar máquina”, diz o produtor.
Na propriedade cultivada pelo presidente do Sindicato Rural de Diamantino, Altemar Kroling, a estiagem passa de 50 dias. O sol forte e a alta temperatura castiga severamente as lavouras de milho, com estimativas de perdas significativas consolidadas. Na plantação de 1.600 hectares, o cenário é desolador. “A minha média histórica é 100 sacos por hectare, já baixei aí para uma média de uns 45, no máximo 50 sacos por hectare, porque nas cabeceiras o milho não teve nem força de pendoar; se entra mais para dentro, ele pendoou emitiu uma espiguinha pequena, mas não teve força, aqui praticamente não precisa nem passar a colheitadeira , a quebra já existe. É irreversível”, conta Kroling.
Em Diamantino, 260 mil hectares de milho foram semeados nesta safra. A estimativa do Sindicato Rural do município é de que a quebra já consolidada pela seca reduza pela metade a produção de milho que era esperada no município. Kroling disse que este pode ser considerado um dos piores anos de produção. “Pelo conhecimento que eu tenho de Mato Grosso, se não é o pior ano ,ele está entre os piores. O impacto hoje que a gente vê é porque hoje todo mundo tem de 80% a 100% da área de soja com milho, então este ano você vê o que uma seca antecipada faz, o prejuízo que ela traz”.
A situação acende um sinal de alerta para os agricultores. Principalmente para aqueles que venderam parte da produção com antecedência. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Diamantino, esse cenário pode causar dificuldades nas entregas de contratos antecipados do cereal. “Tem uns produtores aí que estão preocupados, porque acabaram vendendo uma quantia maior, na média, que eles tinham de outros anos, fizeram este ano também, só que este ano com 50% de quebra vai faltar milho para os contratos”.
Canal Rural – 17/05/2022