Uma reunião de trabalho, realizada nesta quinta-feira (2), reuniu pesquisadores da Embrapa, dirigentes de entidades do setor de proteína animal e lideranças do segmento de grãos, entre as quais o presidente institucional da Abramilho, Cesario Ramalho. Em pauta, o fortalecimento da cultura do milho na região Sul, que busca alternativas para atender a crescente demanda do insumo para as agroindústrias fabricantes de carnes. No encontro, que ocorreu no formato on-line, Ramalho destacou o potencial e a necessidade do milho ser protagonista nas lavouras brasileiras.
“Tivemos uma evolução extraordinária na genética. Se não, com a seca que tivemos de março a junho no país não teríamos colhido quase 60% da nossa safra. Além disso, temos o amadurecimento de toda a cadeia, especialmente do produtor. O milho é a segurança alimentar do nosso país e de vários outros, além de oferecer segurança também na questão energética.”
Presidente do conselho consultivo da ABPA, o ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, lidera um movimento neste sentido e, após trabalhar no incentivo ao cultivo de cereais de inverno, com crescimento de 50% das lavouras de trigo no Rio Grande do Sul e 70% em Santa Catarina, quer resgatar um cereal estratégico para a proteína animal. Foram duas quebras sucessivas do milho na região Sul que deixaram os produtores apreensivos.
“Nos últimos dez anos, o milho cresceu no país 60%, enquanto no RS e em SC caiu 23%. Isso retrata o drama que estamos vivendo com a ausência dessa matéria-prima fundamental, com a impossibilidade de deixarmos de ser estados importadores. Queremos produzir aves, suínos, vacas leiteiras e, também, exportar grãos. Jamais falaremos contra o livre mercado,” explicou Turra, referindo-se à valorização do milho brasileiro no exterior.
:: Santa Catarina
O secretário da Agricultura do Estado, Altair Silva, falou do trabalho de fortalecimento de cereais de inverno para a cadeia leiteira local. “Em parceria com as entidades, incentivamos financeiramente os produtores para semear culturas de inverno. Nosso programa e o bom momento do mercado possibilitaram um acréscimo de 70% na produção de trigo em Santa Catarina”, lembrou.
:: Embrapa Milho
O chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), Frederico Ozanan Durães, citou a fala de Ramalho: “o milho é o nosso ouro!” Ele argumentou que ainda é possível intensificar o aumento de tecnologias para otimizar culturas como o milho. “O Brasil pratica uma agricultura modernizante, mas notadamente ‘a céu aberto’, com condições ambientais variáveis e adversas. Por isso, intensificar sistemas de cultivo é iniciativa estratégica para a sustentabilidade agropecuária, ambiental, social e econômica.”
Para a região Sul do Brasil, o pesquisador sugeriu ampliar o leque de opções de culturas, inclusive para duas a três safras ao ano, objetivo de uma frente paralela que busca ampliar o número de safras no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. “É a estratégia do ‘antecipe’: contribuir para aumentar a produção e mitigar os efeitos ambientais – seca, frio, enfezamentos, vazio sanitário da soja, etc,” destacou Durães.
:: Participações
A reunião contou ainda com as participações do presidente da ABPA, Ricardo Santin; do presidente da FAESC, José Zeferino Pedrozo; do presidente da FecoAgro/SC, Ivan Ramos; do economista-chefe da FecoAgro/RS, Tarcísio Minetto; do presidente da ACERGS, Roges Pagnussat; do chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe, Trigo, Jorge Lemainski, Pecuária Sul, Fernando Flores Cardoso, e, representando a Clima Temperado, André Andres; do presidente da ASGAV, José Eduardo dos Santos; do presidente do SIPS-RS, José Roberto Goulart; do presidente do Fundesa-RS, Rogério Kerber; do coordenador de trigo da FARSUL, Hamilton Jardim; do presidente da FETAESC, José Walter Dresch; do presidente da AMAV, Lindomar Rodrigues, e do diretor da AVES, Nélio Hand; além de executivos das maiores agroindústrias produtoras de carnes de aves e suínos do país.