Matéria do jornal “Valor Econômico”, de 17 de novembro, assinada pelo repórter Rafael Walendorff, destaca análise do presidente executivo da Abramilho, o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, sobre novo sistema da Embrapa, que pode antecipar a semeadura da 2ª safra de milho.
Confira a íntegra:
“Sistema desenvolvido pela Embrapa pode antecipar semeadura da 2ª safra de milho
Para Alysson Paolinelli, presidente da Abramilho, novidade poderá estimular avanço da produção do cereal no país
Responsável por mais de 70% da produção de milho no Brasil, a segunda safra vai ganhar um novo aliado para reduzir riscos de perdas por causa do clima e impulsionar a colheita do grão, em franca expansão no país com demanda forte e preços altos.
A Embrapa criou o Sistema Antecipe, um método que viabiliza o plantio mecanizado do cereal, de forma intercalada, nas entrelinhas de lavouras de soja em fase de enchimento de grãos. O sistema pode antecipar em até 20 dias o início da semeadura do cereal na safrinha, normalmente realizado apenas após concluída a colheita da oleaginosa.
Na hora da colheita da soja, o milho cultivado nas entrelinhas é cortado junto, mas preservando um pequeno caule em cada planta. Nesse momento, toda a lavoura do cereal já está implantada, com as raízes em desenvolvimento, e continuará a crescer, sem prejuízo de produtividade, como explica Paulo César Magalhães, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo.
Plantado na época ideal, o milho pode se desenvolver com condições mais favoráveis e ganhar rendimento. Outro benefício apontado pela Embrapa é a redução nos custos de produção da soja, já que a lavoura não precisará ser dessecada com produtos químicos para adiantar o plantio do cereal na segunda safra. “Há benefícios operacionais, econômicos e ao meio ambiente”, reforçou Décio Karam, que liderou a pesquisa na estatal.
O objetivo é possibilitar, por exemplo, o uso de variedades de soja de ciclo mais longo e mais produtivas – e, mesmo assim, garantir a implantação a tempo da safrinha de milho. Caso ganhe escala, o sistema pode viabilizar o plantio do cereal em regiões onde a segunda safra ainda não foi plenamente estabelecida, segundo Alysson Paolinelli, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).
“Plantamos pouco milho em relação à soja que colhemos. Dá para plantar mais, e essa antecipação, se convencer o produtor e der resultado melhor, pode ser um caminho”, disse Paolinelli ao Valor. Para ele, a técnica será “fenomenal” para uso no Centro-Sul e em Mato Grosso.
A Embrapa desenvolveu um aplicativo pelo qual os produtores poderão acompanhar o desenvolvimento da lavoura de soja e obter orientações sobre o momento adequado para o plantio do milho. Outra invenção é uma máquina semeadora-adubadora que faz o plantio e a adubação do milho, “sem que haja danos mecânicos, amassamento, perda de área foliar ou outro prejuízo que comprometa a produtividade da soja”, afirmam os pesquisadores. A máquina é fruto de uma parceria com a Jumil, de implementos agrícolas. O equipamento deverá começar a ser vendido em 2021/22.”
*Matéria original, somente para assinantes, do “Valor Econômico” neste link.