Resultados preliminares apontam que não houve perda total de produção em nenhuma das cultivares
Com o intuito de validar novas tecnologias e disseminá-las entre agricultores familiares do município de Anápolis e região, o Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão desenvolvendo um projeto de inserção da produção de grãos em sistema de manejo agroecológico. As lavouras experimentais foram implantadas em quatro propriedades selecionadas e assistidas pela Emater, onde está sendo observado o desempenho de diferentes variedades de milho e de feijão, cultivadas de acordo com metodologias produzidas no Sistema Integrado de Produção Agroecológica (SIPA), conhecido como Fazendinha Agroecológica da Embrapa.
Os agricultores familiares indicados fazem parte da Associação de Produtores Agroecológicos de Anápolis e Região (Aproar), grupo no qual grande parte de seus integrantes trabalha prioritariamente com hortaliças. O objetivo, além de difundir as práticas agroecológicas, é apresentar alternativas de culturas para que os pequenos produtores possam elevar suas rendas.
Entre as propriedades que receberam o experimento, três ficam no município de Anápolis e uma em Gameleira de Goiás. Um dos agricultores, com fazenda na região do Piancó, uma Área de Proteção Ambiental (APA), não adotava o sistema de produção orgânico antes do projeto. “Temos o privilégio de termos sido contemplados com essas importantes parcerias, muito relevantes para nós técnicos e mais ainda pelos ensinamentos que serão extensivos aos produtores em geral. Vários dos procedimentos adotados na agroecologia e agricultura orgânica podem ser empregados também por agricultores convencionais”, afirma o engenheiro agrônomo da Emater e presidente da Aproar, Álvaro Gonçalo.
Na agroecologia, o foco principal é a sustentabilidade e a preservação da biodiversidade. Essa abordagem de produção aplica princípios básicos de ecologia, para desenvolver agroecossistemas com dependência mínima de insumos químicos e energéticos externos. Ainda segundo o especialista da Emater, para o cultivo de milho e feijão na iniciativa foram empregadas técnicas preconizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a produção orgânica, como a não utilização de agrotóxicos, investimento em adubos altamente solúveis e conservação ambiental na área das propriedades.
Um dos produtores indicados, Edson Porto já trabalhava com milho para a produção de ração para o gado. Com a pesquisa, passou a cultivar feijão em sua propriedade a fim de testar as variedades. A intenção é ampliar futuramente a extensão da lavoura, onde serão plantadas as três cultivares que tiverem melhor desempenho. “Está sendo muito satisfatório. Algumas variedades são mais difíceis de serem trabalhadas no período de chuvas, mas no geral está bastante promissor. Isso nos anima mais a mexer com esse tipo de cultura, porque antes a gente pensava em trabalhar com a soja, mas vendo a produtividade e a lucratividade por saca, o feijão se torna muito atrativo”, relata.
Foram plantadas, em dezembro de 2019, seis cultivares de feijão, Jalo Precoce, BRS Esteio, BRS FC402, BRS Agreste, BRS Pitanga e BRSMG Realce, e a cultivar de milho BRS 3046. De acordo com resultados divulgados pela Embrapa, já foram verificadas que a comercialização das espigas de milho e a silagem proporcionaram excelente diversificação para a melhoria do solo e agregaram valor considerável. Além disso, não houve perda total de produção em nenhuma das cultivares e a produtividade alcançada tem sido semelhante à obtida em cultivo convencional. A previsão é que o experimento seja concluído até o final deste ano.
SECRETARIA DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS
Agrolink – 26/08/2020