Motivo está na forte presença da China no mercado mundial de grãos
As cotações do milho em Chicago igualmente subiram após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, no dia 12/08, mesmo com ele sendo baixista para os preços. O motivo está na forte presença da China no mercado mundial de grãos, na ponta compradora. Assim, o fechamento desta quinta-feira (13) ficou em US$ 3,25/bushel, contra US$ 3,11 uma semana antes.
Análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos do Mercado Agropecuário.
O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 12/08, como dito foi baixista para o mercado, pois apontou o seguinte para o ano de 2020/21:
1) Safra dos EUA em aumento, ficando estimada em 388,1 milhões de toneladas;
2) Estoques finais estadunidenses em 70 milhões de toneladas, contra 67,3 milhões em julho;
3) Produção brasileira e argentina em 107 e 50 milhões de toneladas respectivamente;
4) Safra mundial de milho em 1,171 bilhão de toneladas, com aumento de quase 8 milhões sobre julho;
5) Estoques finais mundiais em 317,5 milhões de toneladas, com aumento de 2,5 milhões sobre julho;
6) Preços médios aos produtores estadunidenses em US$ 3,10/bushel, contra US$3,60 no ano anterior.
Dito isso, a qualidade das lavouras de milho nos EUA recuou um pouco, ficando em 71% entre boas a excelentes até o dia 09/08, sendo que 59% das mesmas estavam na fase de enchimento de grão. Por outro lado, as exportações estadunidenses de milho não avançam adequadamente, faltando três semanas para se encerrar o ano comercial atual nos EUA. Faltavam ainda 6,4 milhões de toneladas a serem exportadas pelo país norteamericano para chegar a meta de 45 milhões de toneladas exportadas no ano. (cf. ARC Mercosul)
Já no Brasil os preços continuam firmes nas regiões onde não há safrinha, porém, se nota uma recuperação igualmente nos Estados produtores da mesma. Assim, o preço médio gaúcho no balcão fechou a semana em R$ 45,74/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços ficaram em R$ 47,00 no centro de Santa Catarina; entre R$ 45,50 e R$ 46,00 no Paraná; R$ 39,00 em Campo Novo do Parecis (MT); R$ 45,00 em Maracaju (MS); R$ 55,00 em Itapetininga (SP); R$ 57,00 no CIF Campinas (SP); e R$ 42,50/saco em Rio Verde e Jataí (GO).
Na B3 o vencimento setembro/20, durante o pregão da quinta-feira (13), atingia a R$ 56,35/saco, enquanto novembro ficava em R$ 56,15; janeiro em R$ 56,11 e março em R$ 55,30/saco.
Diante da melhoria dos preços, o produtor que possui milho, geralmente capitalizado, segura o produto para forçar novas altas. Além disso, a desvalorização maior do Real estimula as exportações que, agora, estão crescendo. No início da corrente semana, 85% da safrinha do Centro-Sul brasileiro já estava colhida e 70% da mesma já estava comercializada. Isso significa dizer que restaria ainda cerca de 22 milhões de toneladas em mãos dos produtores. No Mato Grosso, por exemplo, a saca gira entre R$ 35,00 e R$ 40,00/saco, patamares recordes. O mercado segue favorável ao produtor e não mostra muito espaço para queda neste momento. A colheita da safrinha atingia a 98% da área neste início da
corrente semana. Enquanto isso, o Mato Grosso do Sul, até o início da corrente semana, havia colhido
20,5% de sua safrinha de milho, sendo que 53,2% da safra estava comercializado. A produção final da safrinha no Estado está agora estimada em 8,2 milhões de toneladas, com produtividade média de 72 sacos/hectare. É bom lembrar que neste Estado, devido a problemas climáticos, a área com o milho safrinha neste ano foi reduzida em 12,8% em relação ao ano passado. Para a safra 2020/21 cerca de 46% da safra já estaria comercializada no Mato Grosso do Sul.
Já no Paraná, 51% da área havia sido colhida até o dia 10/08, sendo que o que faltava colher apresentava 45% do total em boas condições, 39% regulares e 16% ruins. A safrinha total fechará em 11,4 milhões de toneladas, com produtividade média de 88,3 sacos/hectare, contra uma expectativa inicial de 13 milhões de toneladas e 100 sacos/hectare.
Por outro lado, em termos de exportação de milho, o Brasil deverá vender 6,9 milhões de toneladas em agosto, contra projeção anterior de 6,3 milhões. Caso as projeções se confirmem, as vendas externas do País, nos oito primeiros meses do ano, devem somar 14,5 milhões de toneladas de milho (-35,5% sobre o mesmo período do ano passado). Mesmo assim o mercado espera uma exportação total final entre 30 e 35 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, a Conab corrigiu sua estimativa final para a safra 2019/20, indicando, agora, que o total produzido de milho no Brasil será de 102,1 milhões de toneladas, contra 100,5 milhões que ela anunciava em julho.
AGROLINK – 18/08/2020