Negociação com tamanha antecedência é inédita no estado; preços são considerados atrativos e tem produtor que já comercializou 15% do grão que espera produzir daqui a dois anos
A demanda aquecida pelo milho tem provocado situações inéditas no mercado do grão. Em Mato Grosso, estado que mais produz milho no Brasil, os agricultores terminaram a colheita desta safra e já negociam a produção das duas próximas temporadas. Ou seja, até o milho que só vai ser plantado e colhido em 2022 já está sendo vendido.
Com a colheita dos milharais praticamente encerrada, as vendas do grão desta safra estão na reta final. Mais de noventa por cento da produção foram negociados (90,45%). Restam 3,1 milhões de toneladas nas mãos dos agricultores. O ritmo dos negócios supera a média dos últimos cinco anos para o período (80,42%) e o mesmo já acontece com a segunda safra do ano que vem.
Aliás, nunca se vendeu tanto milho com tamanha antecedência. Quase 46% da produção prevista já foram vendidos. Volume três vezes superior ao negociado nesta época – em média – nas últimas cinco safras, que segundo o Imea é de 14,22% da produção.
A demanda aquecida pelo grão, tanto dentro quanto fora do Brasil, tem motivado compradores a garantir mais cedo a aquisição matéria-prima. Assim como no mercado da soja, no do milho também já tem agricultor vendendo o grão que só vai ser plantado e colhido daqui a dois anos. Um exemplo vem da Fazenda Santa Ernestina, em Sorriso, médio-norte do estado. Por lá 15% do milho que vai ser produzido em 2022 já foram negociados.
“Já temos tradings e indústrias de etanol sinalizando preços que estão girando em torno de R$ 34 a até R$ 35 por saca. Isso aí garante que o produtor possa fazer algumas travas dos custos de produção, baseado nesta safra que será plantada em 2021. Isso garante que ele possa estar minimizando os riscos por conta de uma queda de preço ou até mesmo do câmbio, que é uma incógnita. Ninguém sabe para que lado vai esse câmbio. Então, isso aí garante uma estabilidade e até mesmo uma certa rentabilidade ao produtor rural”, analisa o agricultor Cleiton Tessaro.
Canal Rural – 17/08/2020