Falta de chuvas durante fase de enchimento de grãos comprometeu potencial das lavouras e produtividade média deve encolher 4,7%, aponta o Imea
A produtividade média das lavouras de milho em Mato Grosso deve ser 4,7% menor que a registrada na última safra. É o que aponta a nova estimativa do Imea, que prevê desempenho inferior ao ano passado em todas as regiões do estado. Com a colheita na fase inicial, agricultores começam a confirmar o impacto da estiagem prolongada durante fases importantes do ciclo da cultura, como formação de espigas e enchimento de grãos. Em algumas propriedades, foram 25 dias sem chover.
Em Campo Novo do Parecis, na região oeste, o agricultor Vinícius Sponchiado acompanha a movimentação das máquinas no campo. O cronograma está com dez dias de atraso em relação o ano passado, consequência da morosidade no plantio da soja que refletiu na segunda safra de milho. Este ano ele apostou alto no cereal, com adubação e sementes de alta tecnologia. A expectativa era colher mais de 150 sacas por hectare. Mas o reflexo do clima desfavorável durante o desenvolvimento da cultura, trouxe frustração. Com 12% da área de 4.700 hectares já colhidos, está preocupado. “Comparando com o ano passado, está havendo uma perda de 10% na produtividade, por causa da seca que se deu no período do enchimento de grãos no milho mais velho. Projetamos que as perdas serão maiores quando entrarmos no milho plantado mais tarde, porque a seca se prolongou em quase o seu ciclo inteiro”, comenta.
Não foi só a lavoura do Vinícius que sentiu os impactos da estiagem em Campo Novo do Parecis. Segundo o Sindicato Rural, a seca afetou várias áreas e deve comprometer produtividade final das lavouras. Este ano, os milharais ocuparam cerca de 181 mil hectares no município, que não deve repetir o desempenho de 2019, quando a produtividade média geral ficou em 116 sacas por hectare. Agricultor e presidente do Sindicato Rural, Jonas Iapp alerta que a queda ameaça a rentabilidade dos produtores. “A estimativa que os produtores estão passando para nós apontam para uma diminuição de de 10% a 15% na produtividade comparada à do ano passado. Isso vai impactar um pouco na renda dos agricultores. Mesmo com o milho em alta agora, os insumos acompanham os preços em Dólar, o que acaba afetando esse valor que o produtor espera na safrinha”, explica.
A nova estimativa de safra do Imea, divulgada nesta semana, revela que a produtividade dos milharais cultivados na região oeste de Mato Grosso deve ser 9,2% menor que a registrada no ano passado. São quase 11 sacas a menos!
Em todo estado a queda de rendimento deve girar em torno de 5 sacas na comparação com o último ciclo. Ainda assim, como as lavouras ganharam espaço em 2020, a previsão é de uma nova safra recorde, acima de 32,8 milhões toneladas do grão.
Canal Rural – 02/06/2020