O mercado acompanha o aumento no ritmo da colheita na Argentina
As cotações do milho voltaram a recuar em boa parte da semana, quase rompendo o piso dos US$ 3,00/bushel, algo que não era visto há mais de 14 anos em Chicago. No dia 28/04 o fechamento chegou a US$ 3,02. Todavia, com o movimento altista do petróleo no dia 30/04, a quinta-feira fechou em US$ 3,11/bushel, contra US$ 3,19 uma semana antes. A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.
A pandemia do coronavírus continua a frear o mercado, já que o consumo de rações diminui diante do fechamento de muitos frigoríficos nos EUA e outros países do mundo, além da menor demanda geral por carnes e leite.
Nos EUA, as vendas líquidas de milho para o ano 2019/20, na semana encerrada em 16/04, chegaram a 726.700 toneladas, com um recuo de 49% sobre a média das quatro semanas anteriores.
O mercado acompanha o aumento no ritmo da colheita na Argentina, a qual concorre com os EUA no mercado externo neste momento e derruba os preços nos portos. Ao mesmo tempo, o enfraquecimento da moeda brasileira dá mais competitividade ao milho do Brasil.
Quanto ao plantio nos EUA, até o dia 26/04 o mesmo atingia a 27% da área esperada, contra 20% na média histórica para esta data. O clima está favorável ao plantio, fato que permite esperar um avanço importante do mesmo nesta próxima semana.
Dito isso, a maior preocupação do mercado continua sendo os efeitos negativos do Covid-19, pois começa a haver rompimento dos elos das cadeias produtivas, especialmente das carnes, devido a contaminação de trabalhadores nas mesmas. Além disso, a Europa taxou a importação do milho e sorgo procedentes dos EUA visando proteger a sua produção interna, diante de um consumo que diminui.
Vale ainda lembrar que o baixo consumo de etanol de milho nos EUA aumenta o potencial de estoques elevados naquele país na próxima safra. Neste sentido, o relatório do dia 12/05 poderá ser um divisor de águas no que tange ao rumo das cotações.
Na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB fechou o mês de abril valendo US$ 140,00 e US$ 112,50 respectivamente. E no Brasil os preços do cereal lentamente estão cedendo, confirmando a projeção de
semanas atrás. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 44,62/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 46,00 e R$ 47,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 37,00 em Sinop (MT) e R$ 48,50/saco na Mogiana paulista, passando por R$ 47,00 em Itanhandu (MG) e Concórdia (SC).
Na BM&F de São Paulo registra-se mudança no perfil de negócios, especialmente em relação ao contrato de maio, na medida em que o referencial Campinas retornou ao patamar de R$ 51,00/saco CIF. A partir do contrato de julho é a exportação que ditará os rumos do mercado, sendo que o atual patamar cambial continua a favorecer os preços nos portos de embarque.
Por sua vez, temas como o final da colheita de verão no Centro-Sul brasileiro; a alta dos preços nos portos graças ao câmbio; e os níveis de preços no mercado interno acabam deixando pouco espaço para baixas muito acentuadas nos preços do milho, especialmente em São Paulo. Isso pelo menos até a entrada da safrinha, a partir do final de julho próximo. Depois, se a mesma confirmar o volume projetado, os preços internos tendem a recuar, salvo se houver forte avanço das exportações.
Neste contexto, o clima passa a ser o centro das atenções junto às regiões produtoras da safrinha. Por enquanto, há necessidade de um melhor nível de chuvas nestas regiões, podendo haver perdas na produção. Soma-se a isso o fluxo de importação que haverá a partir de julho.
Enfim, a colheita da safra de verão 2019/20 atingia a 81% da área no dia 24/04, contra 83% na média histórica nesta data. Minas Gerais e Goiás/DF continuam com atrasos consideráveis na mesma em relação a esta média. Nestas duas regiões, naquela data, faltavam ainda colher 54% da área semeada, enquanto pela média deveria faltar 41% e 22% respectivamente.
Quanto a oferta e demanda de milho no Brasil em 2020/21, o país espera uma colheita total de 105,7 milhões de toneladas; um consumo interno de 76,2 milhões, sendo 6,7 milhões para a fabricação de etanol e 56,2 milhões para a fabricação de rações; 30,1 milhões de toneladas seriam exportadas; resultando em um estoque final de 10,4 milhões. Em se confirmando este estoque final, o mesmo será o quinto maior desde a safra de 1998.
AGROLINK – 30/04/2020