Algumas cadeias produtivas sofrem com demanda e preços
Maçã, feijão, trigo, cebola e leite são os mais afetados com a pandemia de Coronavírus em Santa Catarina. De acordo com o Boletim Agropecuário emitido em abril pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa) as cadeias produtivas foram afetadas em maior ou menor grau pela crise.
A maçã fuji sofreu os efeitos com o cancelamento das aulas já que a demanda para merenda escolar parou.. Já o feijão teve alta significativa nos preço. Em Santa Catarina, o preço pago ao produtor pelo feijão-carioca teve alta de 22,24%. No caso do feijão-preto, os produtores catarinenses perceberam alta de 6,13%.
O trigo foi outro produto cujos preços subiram. O cenário é resultado da dificuldade de importações dos países vizinhos e aumento da demanda interna em função da pandemia, aliada à alta do dólar. Os produtores catarinenses receberam em março R$46,36 em média pela saca de 60 Kg, alta de 1,62% no mês.
A cebola teve o ritmo de escoamento de produção afetado, mas não os preços, que alcançaram o melhor patamar até o momento. O preço de comercialização da cebola nesta safra teve grande variação. Em Santa Catarina, a comercialização chegou a ficar bem abaixo da estimativa do custo de produção. Em março os valores reagiram e os produtores iniciaram o mêscom preço da cebola classe 3 a R$1,00/kg. No final da primeira quinzena, passaram a receber de R$1,20/kg a R$1,55/kg, fechando o mês a R$2,20/kg nas regiões de Rio do Sul e Ituporanga.
Para o leite o cenário é muito preocupante. A produção brasileira tem ficado abaixo dos níveis esperados. Mesmo com o decréscimo de oferta, os preços dos lácteos não davam sinais de recuperação. Parte dos produtores catarinenses já sentirá os efeitos disso em abril, com queda no preço recebido. Outra parte deve receber preços igual ou levemente acima dos de março.
O mercado do arroz segue aquecido em Santa Catarina, contrariando a tendência de redução dos preços nesse período. Até o momento, 97% da área plantada na safra principal de 2019/20 já foi colhida e a expectativa é de produção normal na maioria das regiões.
O milho sofre com a estiagem, que causou retração de 10% na produção catarinense em relação à safra anterior. Os preços, que estavam em elevação desde setembro, apresentaram sinais de recuo na primeira quinzena de abril.
A produção esperada de soja no Estado deve ser 4,4% inferior à safra anterior. A redução só não foi maior em função do aumento de mais de 10 mil hectares da área cultivada e aos bons rendimentos das lavouras em municípios do Oeste do Estado. Apesar do impacto da pandemia no mercado internacional das commodities, os preços se mantém fortalecidos em função da cotação do dólar frente ao real em fevereiro e março.
O preço médio do boi gordo em Santa Catarina registrou queda de 7,4% na comparação entre fevereiro e dezembro últimos. O frango enfrentou queda de 2,8% na exportação entre fevereiro e março, e de 29,5% na comparação com março de 2019. Já as exportações de suínos aumentaram 7,5% entre fevereiro e março e 14,5% na comparação com março de 2019. O faturamento de março foi de US$ 85,52 milhões, alta de 6% em relação ao mês anterior e de 36,7% na comparação com março de 2019.
No alho o mercado interno continua aquecido e remunerando os produtores acima do custo de produção. Levantamento da Epagri/Cepa indica que os produtores catarinenses estão recebendo de R$8,00/kg a R$10,50/kg acima da classe.
AGROLINK – 22/04/2020