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Nestas condições, já é uma quase certeza o fato de que uma área recorde que seria de milho deverá entrar no programa de Prevenção
Durante esta última semana de maio as cotações do milho em Chicago igualmente dispararam, chegando a quase bater no limite de alta para o mês de dezembro, quando flertou com US$ 4,50/bushel. Já para o primeiro mês cotado (julho), o valor veio a US$ 4,36/bushel no fechamento desta quinta-feira (30/05), algo que não era visto desde meados de junho de 2016.
O motivo para esta alta igualmente é o clima nos EUA. O excesso de chuvas atrasou consideravelmente o plantio, gerando uma situação de desastre praticamente confirmado. Há uma semana do término da janela ideal de plantio do milho, isto é, no dia 26/05, o mesmo atingia apenas a 59% da área, e a meteorologia indicava mais chuvas para o Meio Oeste estadunidense.
Nestas condições, já é uma quase certeza o fato de que uma área recorde que seria de milho deverá entrar no programa de Prevenção, assim como ser transferida para a soja. Fala-se em algo entre 15% a 20% da área de milho que entraria nestas situações. Desta forma, salvo uma modificação radical no clima da região produtora estadunidense, que leve os produtores a semearem fora da janela ideal, o quadro da produção de milho futuro nos EUA é muito preocupante. Com isso, os preços dispararam em Chicago, aumentando os valores de exportação, fato que reduz a demanda pelo cereal estadunidense. Tanto é verdade que na semana anterior apenas 442.000 toneladas foram exportadas por aquele país. (cf. Safras & Mercado)
A que se considerar ainda a possibilidade de má germinação e qualidade do produto final resultante do que foi semeado sob muita chuva. Para a primeira quinzena de junho a meteorologia norte-americana indica melhoria do clima, fato que tenderá a auxiliar ainda mais a transferência da área para a soja (a janela ideal de plantio da soja encerra em 15/06). Este fato, que vem sendo desconsiderado no mercado da soja, poderá derrubar as cotações da oleaginosa em Chicago, caso venha a ser confirmado a partir de meados de junho. Aliás, os números de plantio efetivamente realizado serão divulgados no dia 28/06.
E nestes últimos dias o produtor estadunidense já precisaria fazer a opção do que fazer com a área que não será possível semear com milho: decidir pelo programa de Prevenção ou transferi-la para uma outra cultura, no caso a soja. O percentual destas escolhas ditará os preços do milho e da soja nas próximas semanas, assim como o clima sobre as áreas semeadas.
Aqui na Argentina, a tonelada Fob de milho subiu para US$ 177,00, enquanto no Paraguai a mesma fechou a semana em US$ 112,50, em ambos os casos já refletindo as altas no mercado mundial.
E no Brasil, também os preços do milho reagiram, pois a demanda para exportação, diante das dificuldades dos EUA, cresceu, auxiliada igualmente pelo câmbio praticado no país. Com isso, não será surpresa uma pressão exportadora nas próximas semanas e meses, incluindo o ano de 2020. Este quadro reverte o contexto baixista que vinha se desenhando para os preços internos do milho diante da enorme safrinha que será colhida a partir de junho. Assim, a partir de agora teremos duas pressões sobre o mercado interno do milho: uma baixista, pela entrada de 70 milhões de toneladas da safrinha; outra altista pela pressão exportadora que se consolida diante do quadro estadunidense. Este último caso, se for majoritário, poderá causar dificuldades para o consumidor interno de milho, forçando altas de preços locais. (cf. Safras & Mercado)
Neste contexto, o balcão gaúcho fechou a semana em R$ 30,08/saco, enquanto os lotes fecharam a semana entre R$ 35,00 e R$ 36,50. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 22,00/saco em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 38,50/saco em Videira (SC).
Pelo lado das exportações, as projeções para junho são recordes neste momento nos portos brasileiros, podendo levar o segundo semestre de 2019 a bater um recorde histórico na venda externa do cereal.
Frente a este novo quadro, nem mesmo o recuo do Real, para R$ 3,96 por dólar no final da semana, modificou a tendência. Os produtores nacionais de milho, diante do novo quadro, seguram o produto visando preços maiores a partir de agora. Portanto, as próximas semanas serão de mercado tensionado, porém, os produtores não podem esperar demais para negociar o produto, pois a entrada da safrinha tende a segurar os preços e até reduzi-los entre fins de junho e setembro, salvo se o quadro de oferta nos EUA piorar ainda mais.
AGROLINK – 03/06/2019