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Compradores de soja e milho do Brasil estão mais retraídos nesta
semana, de olho na queda do dólar em reação a pesquisas eleitorais,
esperando que novos recuos da moeda norte-americana possam lhes trazer
negócios a preços mais baixos, avaliou nesta quinta-feira um
pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(CEPEA).
“Essas oscilações afastam negócios, especialmente no médio prazo…
Outro aspecto… dessa vez foram os compradores que se afastaram,
apostando em queda mais intensa na taxa de câmbio”, disse Lucílio
Alves, também professor da ESALQ/USP, lembrando da relação direta da
paridade de exportação com o preço no mercado físico brasileiro.
Considerando a cotação do dólar em torno de R$ 3,93, o preço
referencial da oleaginosa no Brasil caiu menos do que se desvalorizou a
moeda norte-americana desde 13 de setembro, quando a taxa de câmbio foi
o maior da história do Plano Real (US$ 1,00 para R$ 4,1957).
No período, o dólar caiu mais de 6%, enquanto a soja, segundo o
indicador ESALQ/BM&FBovespa, recuou cerca de 3%, para aproximadamente R$
94,00 a saca, com os prêmios pagos pelo grão brasileiro na
exportação evitando recuos mais expressivos na cotação.
Com a China comprando fortemente a soja brasileira neste ano, enquanto
taxa o produto dos Estados Unidos em 25% desde julho, as cotações no
Brasil, maior exportador global, estão em níveis próximos de
recordes.
Além disso, quase não há produto disponível para venda neste
período de entressafra.
Os negócios, no caso da soja, estão concentrados mais nas vendas para
entrega futura da safra que deve começar a ser colhida entre o final de
dezembro e início de janeiro no Brasil.
“Agora é a vez do comprador”, disse Alves, lembrando que as vendas da
nova safra avançaram bastante quando os produtores estavam aproveitando
as cotações do dólar acima de R$ 4,00.
“Se pegar soja e milho, os novos contratos pararam, a liquidez interna
também parou, somente compradores com mais urgência aparecem, e é
isso que estamos vendo esta semana”, disse ele, ressaltando que isso
também tem paralelo no mercado de algodão.
Na última terça-feira, o dólar teve a maior queda diária em três
meses e meio.
Ele disse que a cotação do dólar mais fraca também pode interferir
nos embarques de milho, realizados normalmente com mais força na
segunda metade do ano.
REUTERS – 04/10/2018