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Cotações do milho, após flertarem com os US$ 4,00/bushel na semana passada, acabaram recuando um pouco nesta semana.
As cotações do milho, após flertarem com os US$ 4,00/bushel na semana passada, acabaram recuando um pouco nesta semana, fechando a quinta-feira (10) em US$ 3,94/bushel. Dois elementos estiveram no centro das atenções do mercado: as condições climáticas nos EUA e na safrinha brasileira; e as projeções para o relatório de oferta e demanda do USDA neste dia 10/05.
Quanto ao clima nos EUA, o excesso de chuvas tem atrasado o plantio, causando preocupação quanto a possibilidade de áreas de milho serem transferidas para a soja. Neste sentido, até o dia 06/05 o plantio do cereal chegava a 39% da área, contra 44% na média histórica e 45% no ano passado nesta época. Lembramos que até o dia 10/05 o plantio deveria chegar a 50% da área esperada para ser considerado dentro da normalidade (sobre o clima na safrinha brasileira, veja mais abaixo).
Quanto ao relatório do USDA, o mercado esperava para 2018/19, nos EUA, uma produção de 358 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais ficariam em 41,4 milhões de toneladas. Paralelamente, as exportações estadunidenses de milho melhoraram na última semana, atingindo a 1,94 milhão de toneladas. Existe expectativa de que o Brasil e a Argentina, em função de perdas respectivamente na safrinha e na safra de verão de milho, comecem a diminuir suas vendas externas do cereal, fato que abre maior espaço para o milho dos EUA.
Na Argentina, a colheita chegava a 32% da área semeada, com chuvas intensas durante a semana em muitas regiões. Ou seja, aquilo que faltou durante o verão argentino agora começa a sobrar, atrasando a colheita.
Ainda na Argentina, a tonelada FOB de milho fechou a semana na média de US$ 193,00, enquanto no Paraguai a mesma ficou em US$ 185,00.
Já no Brasil, os preços do milho se mantiveram firmes, especialmente agora em que a quebra na safrinha nacional vai se consolidando. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 34,76/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 41,00 e R$ 42,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 23,50 em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 42,00/saco em Videira, Chapecó e Concórdia (SC).
Em São Paulo há grande preocupação com a falta de chuvas nas regiões da Sorocabana, Vale do Paranapanema e Norte do Paraná. As lavouras de safrinha destas regiões podem registrar perdas totais antes mesmo de entrarem em polinização. E mesmo que chova nos próximos dias, já há perdas irreversíveis. No Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais as lavouras de safrinha já registrariam perdas entre 30% a 40%.
Com isso, se ocorrerem chuvas nos próximos dias as mesmas apenas estancariam os prejuízos, porém, dificilmente os recuperaria. Em muitas regiões há risco de perdas históricas na safrinha. E o melhor comportamento climático no Mato Grosso e em Goiás não seria suficiente para dar conta das perdas no restante do Centro-Sul brasileiro (cf.
Safras & Mercado).
Neste sentido, os preços no referencial Campinas (SP) continuaram subindo, e bateram em R$ 43,00 a R$ 44,00/saco no CIF disponível. Na Sorocabana paulista atingiram a R$ 40,00/saco. Nos portos de Santos e Paranaguá o saco de milho já está cotado entre R$ 39,50 e R$ 40,50.
Diante disso, quem possui milho começa a retê-lo em maior intensidade, provocando novas altas em seus preços.
Neste contexto, as exportações podem encontrar dificuldades em se realizar, mesmo com um câmbio ao redor de R$ 3,60 neste momento. Isto porque o mercado interno começa a disputar milho com o setor exportador.
Assim, a pressão altista sobre os preços do milho deve continuar enquanto não se definir o quadro climático da safrinha e o câmbio no país.
Visando conter um pouco a alta dos preços aos consumidores de milho, a Conab realizou mais leilões de estoques públicos oficiais na semana, porém, negociou apenas 5,8% das 186.656 toneladas ofertadas. Novos leilões estão previstos para o dia 16/05, com oferta de 200.000 toneladas.
Enfim, vale destacar que a safrinha do Centro-Sul brasileiro, até este início de maio, havia sido comercializada em 30% do total esperado, contra 55% no mesmo período do ano passado.
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