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A notícia do retorno das sanções econômicas americanas sobre o Irã, anunciada na última terça-feira (8) pelos EUA, gerou preocupação e pessimismo para parte dos exportadores brasileiros, que preveem perdas em negócios com o país persa. Para Antonio Camardelli, presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne bovina), o momento é de muita incerteza e preocupação. “A notícia não é boa porque nos remete às dificuldades que havia antes do acordo de 2015”, diz o executivo. O Irã foi o terceiro maior mercado para a carne brasileira em 2017, só atrás de China e Hong Kong, com US$ 559 milhões. “Essa medida vai impactar principalmente as empresas brasileiras que têm capital aberto americano. Os EUA vão estrangular qualquer tipo de laço”, avaliou Jorge Mortean, consultor da Mercator Business Intelligentsia.
Mortean lembra que bancos centrais de Brasil e Irã negociavam um acordo para que suas transações bancárias fossem diretas e em moeda local. Esse anúncio é um balde de água fria nesse processo. A triangulação financeira encarece as transações e é a principal trava para o desenvolvimento da balança comercial. Sem ela, o Brasil poderia aumentar seu lucro em até cinco vezes”, disse. Grandes empresas europeias avaliaram nos últimos dias que devem ter negócios de bilhões de dólares cancelados, após a decisão americana.
A Embraer, que mantinha conversas com companhias aéreas iranianas sobre a venda de aeronaves, informou que “cumprirá rigorosamente as diretrizes e orientações do OFAC em assuntos relacionados a quaisquer atividades no Irã. “A Embraer não tem vendas em carteira para empresas aéreas no Irã, acrescentou. A referência é ao Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, agência do Departamento de Tesouro dos EUA que administra sanções econômicas e de comércio e emite licenças, “em apoio aos objetivos de segurança nacional e política externa dos EUA”. Caso a Embraer faça acordo com a Boeing, esse será outro complicador, afirma Thomaz Zanotto, diretor de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp.
Já no caso do milho, principal item exportado para os iranianos, a expectativa é que a decisão americana seja um novo estímulo para os preços do produto, que já estão em alta, segundo Leonardo Sologuren, sócio-diretor da consultoria Horizon Company. De acordo com ele, o impacto pode ser parecido com o que houve com a cotação da soja com a guerra comercial entre EUA e China, apesar de ele lembrar que as exportações brasileiras de milho são bem mais pulverizadas que as da oleaginosa e que o mercado chinês é muito maior que o iraniano. No ano passado, 17% do milho exportado pelo Brasil (US$ 783 milhões) teve como destino o mercado persa. No caso da soja, foram 79%, o equivalente a US$ 20,3 bilhões. Sologuren disse não esperar que possíveis dificuldades (como transporte ou garantias bancárias) sejam empecilhos a ponto de impedir as vendas brasileiras do produto.
Sua avaliação coincide com a de Zanotto. “Não é a primeira vez que o Irã está sob sanções, e o Brasil já vendia esses produtos para l, disse. “O que vendemos são commodities muito básicas e podemos usar tradings europeias para fazer a transação, e transporte com empresas que não sejam americanas.” Por meio de assessoria de imprensa, o Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, disse que, até saber detalhes das sanções, não poderia avaliar seu impacto sobre as exportações brasileiras.
Fonte: Folha de S. Paulo