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O cenário de preços mais baixos do milho ao redor do mundo pode vir a
ser alterado caso a safra na América do Sul apresente problemas
importantes, reduzindo a disponibilidade do cereal. “Com as lavouras
do Hemisfério Norte já em suas fases finais, as atenções nos
próximos três meses devem estar muito centradas na safra da América
do Sul, que já está em período de plantio”, disse a analista da
INTL FCStone, Ana Luiza Lodi.
Na Argentina, as estimativas apontam para um aumento da área de quase
6% em relação ao ciclo 2016/17, alcançando 5.4 milhões de hectares.
Esse crescimento ocorre a despeito do cenário de disponibilidade
elevada e preços pressionados, pois o cereal argentino não está
sujeito à taxação das exportações, diferentemente do que ocorre com
a soja. Como a semeadura no país tem lotes plantados mais cedo e outros
mais tarde, o plantio já está em pleno andamento. Apesar das chuvas
pesadas que vem ocorrendo em várias regiões do país, por enquanto, as
condições estão favoráveis.
No Brasil, as estimativas de milho apontam para redução considerável
de área da safra verão 2017/18, de cerca de 10%, com o milho perdendo
espaço majoritariamente para a soja. A oferta folgada no mercado
doméstico e os preços pressionados são os fatores determinantes para
esse movimento, além da possibilidade de se produzir o grão na segunda
safra. Como dificilmente a produtividade do ciclo 2016/17 será repetida
neste ano, as estimativas da INTL FCStone são de uma queda de mais de
20% na produção da primeira safra.
O milho 2017/18 já está com a semeadura adiantada no Rio Grande do
Sul, estado que tem um ciclo mais cedo em relação a outras regiões.
Até o momento, as condições de desenvolvimento das lavouras gaúchas
estão favoráveis. Em outros estados que também produzem milho no
verão, o tempo seco que predominou no Centro-Sul do país até o final
de setembro resultou em atrasos iniciais no plantio. Destaca-se que
estes atrasos podem, eventualmente, incentivar uma redução ainda maior
da área de verão do cereal.
“Mesmo com essa queda importante esperada para a primeira safra de
milho no Brasil, os preços domésticos não estão encontrando força
para subir”, disse a analista Ana Luiza. As exportações aquecidas
neste segundo semestre têm um impacto positivo nos preços, mas muito
limitado, uma vez que a disponibilidade do cereal está muito elevada.
Caso as exportações do ciclo 2016/17 alcancem cerca de 30 milhões de
toneladas, as estimativas apontam para estoques finais em torno de 20
milhões de toneladas.
Por mais que o Brasil tenha milho suficiente para exportar volumes bem
maiores que este, a oferta do cereal por parte de outros exportadores,
como EUA, Argentina e Ucrânia, também está elevada, gerando uma
competição muito grande no mercado exportador do cereal, com os
preços internacionais também pressionados.
INTL FCSTONE